Sindicato critica Banco Central por manutenção da Selic a 10,50%

Presidente Lula elevou o tom das críticas contra a instituição. Próxima reunião do Copom está marcada para os dias 30 e 31 de julho

Os Metalúrgicos do ABC criticam a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, ao anunciar nesta quarta-feira, 19, a manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 10,50% ao ano. A justificativa da autoridade monetária para a decisão é a expectativa futura de suposta tendência de aumento da inflação e de desvalorização do Real.

“A taxa de juros acima dos 10% não se justifica diante do cenário do controle de inflação e melhora dos índices econômicos. Ao contrário, isso afeta o consumo das famílias, dificulta o acesso a financiamentos e impossibilita que empresas possam fazer investimentos em produção, o que causa efeitos drásticos na economia do país e, sobretudo, penaliza os trabalhadores”, afirmou o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno.

Foto: Adonis Guerra

“Apesar da imprensa falar muito sobre a autonomia do Banco Central, fica claro que a instituição é muito vulnerável à pressão que tem sido feita pelos interessados no mercado financeiro. E mesmo com a inflação controlada e as ações que o governo federal tem tomado após a tragédia que afetou o Rio Grande do Sul, a taxa ainda não se justifica”.

Ainda segundo o dirigente, a taxa de juros alta desestimula o consumo da população e os investimentos na produção, prejudicando os empregos e a renda. “O Banco Central está jogando contra o desenvolvimento do país e contra os interesses do povo brasileiro”.

Comportamento

No início da semana, o presidente Lula fez críticas ao Banco Central. “Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil neste instante. É o comportamento do Banco Central”, pontuou. “Um presidente do Banco Central que não tem nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar”, completou.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75%, quando começou a ser reduzida até então por conta da pressão de trabalhadores, setores produtivos e do governo federal.

Troca

O mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, termina em dezembro de 2024 e Lula disse que quer indicar ao cargo alguém que tenha compromisso com o controle da inflação e o desenvolvimento do Brasil, que deve ter respeito ao cargo e não se submeter a pressões do mercado financeiro, dizendo que o mercado “muitas vezes” não contribui para o país.

O Copom é o órgão do Banco Central formado pelo presidente da instituição e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia no país, a Selic. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 30 e 31 de julho.