Sindicato debate investimento em produtos e projetos com trabalhadores na Volks
Em assembleia na Volks, o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, denunciou que a estratégia das montadoras é transferir suas áreas de inovação para as matrizes
Companheiros na ferramentaria da Volks durante assembleia nesta quinta.
Fotos: Rossana Lana / SMABC
O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, esteve nesta quinta-feira (3) na Volkswagen, em São Bernardo, para debater com os trabalhadores as estratégias de investimento que o Sindicato reivindica das montadoras no País.
Falando sobre a nova fábrica que, segundo a imprensa, a Volks pretende construir em outro Estado, o dirigente destacou que o Sindicato nada tem contra instalação de novas unidades da empresa no País, desde que não seja às custas dos empregos nas plantas já existentes.
E aproveitou para ressaltar a diferença entre os metalúrgicos do ABC e a iniciativa na Volks. “Defendemos que os volumes de produção previstos com o novo produto são possíveis de serem realizados nas fábricas existentes, enquanto a empresa busca em negociações com governos estaduais a possibilidade de uma nova planta. É este futuro que não queremos”, afirmou Sérgio Nobre.
Ele também ressaltou aos trabalhadores a diferença que existe entre as propostas do Sindicato e as das montadoras sobre desenvolvimento de produto e fabricação dos meios de produção (ferramentas, máquinas etc.).
O Sindicato defende que os veículos tenham desde seu projeto até a montagem final desenvolvidas no Brasil. Só que hoje a estratégia das montadoras é que áreas como design, provas, maquetes, ferramentarias, de construção e outras, que são os locais onde se dá a inovação dos modelos, sejam transferidas para suas matrizes, inclusive já para o novo carro.
Sérgio Nobre explicou que ao defender a ferramentaria e desenvolvimento, o Sindicato está falando em defender uma parte fundamental da inteligência do setor automotivo. “Por isso queremos condicionar o desenvolvimento de produtos e a manutenção de moldes de ferramentas entre as etapas de produção necessárias para as montadoras conseguirem os 30% de isenção de IPI”, afirmou.
“A ferramentaria e a engenharia devem ser parte integrante do conteúdo nacional dos veículos, e com isso manter empregos de maior qualificação. Precisamos que a garotada formada pelo Senai ou pelas escolas de formação profissional tenha espaço para ser aproveitada nas áreas em que se formar e isto só se dará com o fortalecimento dos setores de desenvolvimento, criação e construção de ferramental”, prosseguiu.
O Sindicato também quer regulamentar os 0,5% sobre o faturamento das empresas que a lei vai obrigar a investir em inovação quando reivindicarem o abatimento de 30% de IPI.
“Esse dinheiro não deve ser usado para ensinar o trabalhador a fazer algo que já existe. Queremos que seja destinado para incentivar a criação e a qualificação profissional”, concluiu Sérgio Nobre.
Da Redação