Sindicato debate situação do setor automobilístico em audiência pública na Câmara dos Deputados

Reunião convocada por Vicentinho contou também com a participação da FEM-CUT e do Dieese

Foto: Billy Boss – Câmara dos Deputados

Os Metalúrgicos do ABC, a FEM-CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT) e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos) participaram, na manhã de ontem, de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, para discutir a situação do setor automotivo no Brasil.

A reunião com a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público foi solicitada pelo deputado Vicentinho (PT-SP), que lamentou o encerramento ou a suspensão das atividades em fábricas do setor automotivo, os impactos sociais, conjunturais e o processo de desindustrialização do país.

O diretor executivo do Sindicato, presidente do Industriall-Brasil e da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, lembrou que a economia brasileira já vinha ruim mesmo antes do início da pandemia e destacou o regime automotivo Inovar-Auto, que alavancou o setor nacional durante os governos Lula e Dilma.

Foto: Billy Boss – Câmara dos Deputados

“No início de 2020 o PIB brasileiro foi negativo, a economia já estava derretendo antes da pandemia e esse debate já vinha sendo acompanhado com o desmonte da indústria. No passado recente tivemos o Inovar-Auto que fez avançar o setor automotivo no Brasil, pois previa política de conteúdo nacional com etapa de produção aqui”.

O programa foi substituto em 2018 pelo Rota 2030 que, segundo o dirigente, ainda carece de uma articulação macro para funcionar melhor.

Aroldo também fez uma comparação do segmento com o agronegócio. “Em 2019, o faturamento do setor automotivo, foi de R$ 233 bilhões e arrecadou direto para o Estado brasileiro R$ 55 bilhões. Já o agronegócio, teve R$ 630 bilhões de faturamento e arrecadou R$ 6 bilhões para o Estado. Não é uma disputa, todos os setores são importantes. Mas não vamos conseguir atingir desenvolvimento humano e econômico somente investindo no agronegócio, comércio ou serviços. Precisamos de uma indústria consolidada para conseguir distribuir renda e gerar bons empregos”.

O dirigente ainda criticou a atual ausência de política de desenvolvimento econômico e industrial e ressaltou a importância de fortalecer a produção nacional para não ficar à mercê da oscilação do dólar. “Nosso desafio é pensar qual política industrial de desenvolvimento econômico queremos para o Brasil e, como consequência, de fato, trazer desenvolvimento humano e qualidade de vida para os brasileiros”.

FEM-CUT

O presidente da FEM-CUT, Erick Pereira da Silva, focou na corrida pela produção do carro elétrico e reforçou que essa questão não pode sair do horizonte dos brasileiros, já que o país tem um cultivo em massa da cana-de-açúcar para a produção do etanol.

“É importante colocar que o etanol é uma matriz de energia renovável que hoje, do ponto de vista dos automóveis, é mais viável considerando fundamentalmente a questão ambiental e o CO2. O carro a etanol ainda é mais sustentável. Além de serem extremamente caros, os carros elétricos são totalmente importados, não geram um emprego na cadeia de produção de automóveis no Brasil”.

Dieese

O diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior, foi categórico ao afirmar que o Brasil não tem hoje uma política industrial. “Hoje temos basicamente resquícios de políticas industriais anteriores, mas de fato não há uma política que, de alguma forma, dialogue com as necessidades de um setor tão importante”.