Sindicato defende empregos e indústria nacional em emendas ao Rota 2030

Fotos: Adonis Guerra

Em reunião do Con­selho da Diretoria Executiva ontem, os diretores do Sindicato debateram o Rota 2030, criado por Medida Pro­visória pelo governo no dia 5 de julho. O diretor executivo dos Metalúrgi­cos do ABC, responsável por políticas industriais, Wellington Messias Da­masceno, apresentou os principais pontos sobre o Rota 2030.

No total, foram 81 emendas apresentadas pe­los parlamentares, que serão analisadas em uma comissão especial do Con­gresso Nacional. Os parla­mentares têm o prazo de 120 dias para votar a Medi­da Provisória do governo.

O dirigente explicou as propostas defendidas pelo Sindicato e apresentadas por meio de emendas par­lamentares do deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), além de outras emendas apoiadas pelos Metalúrgicos do ABC (confira tabela).

“O Rota 2030 como foi apresentado pelo go­verno não garante postos de trabalho, não estimula a geração de novos em­pregos e ainda fala de automatização das linhas sem nenhuma contrapar­tida ou negociação com os trabalhadores”, alertou Wellington.

“Diferente do Inovar-Au­to, o Rota 2030 não prevê nada sobre política de conteúdo local, que é o que garante empregos no Brasil, e ainda dá trata­mento igual tanto para as montadoras que produ­zem no País quanto para as que importam tudo”, prosseguiu.

Entre as emendas apre­sentadas está a criação do Centro Independente de Testes. “Não temos nenhum centro indepen­dente no País nem para certificação nem para as montadoras e autopeças que não tendo centros próprios possam testar seus produtos. Uma das aplicações é o crash test, além de garantir a vali­dação das metas de segu­rança veicular contidas no Rota”, explicou.

A Medida Provisória permite a importação de autopeças que as empresas não tenham capacidade de produção e similares no Brasil, com redução do imposto de importação de 14% para 2%.

“A proposta é condicio­nar a redução destas tari­fas à análise do Observató­rio Nacional da Indústria e evitar nova enxurrada de importados”, afirmou. “É importante lembrar que esses 2% serão destina­dos a um fundo que será criado para desenvolver fornecedores locais, mas com recursos atrelados às importações”, criticou.

O diretor do Sindicato alertou que existem pro­postas contrárias dentre o total de emendas. “O im­portante é que cada com­panheiro cobre seu parla­mentar para defender as questões de interesse dos trabalhadores dentro do Rota 2030”, disse.

Entre as emendas con­trárias estão retirar a mul­ta de 20% para as empre­sas que não cumprirem os requisitos. “A proposta dos trabalhadores é aumen­tar essa multa para 70%”, exemplificou.

Outra emenda quer assegurar investimentos no Nordeste, Norte e Cen­tro-Oeste. “Querem levar as autopeças para lá sem nenhuma contrapartida para o local que perderá a empresa”, citou.

O Inovar-Auto, que vi­gorou de 2013 a 2017, foi a política de incentivo fiscal para as montadoras e empresas da cadeia au­tomotiva para investirem em pesquisa, engenharia e desenvolvimento tec­nológico, com aquisição de peças nacionais e de­terminava que partes da produção deveriam ser feitas nas plantas do Brasil.

“O Inovar-Auto tinha uma lógica de incentivar a produção local e o adensa­mento das cadeias, o que gera empregos, melhoria dos carros e investimen­tos, além de garantir efici­ência energética que reduz a emissão de poluentes na atmosfera. O Rota 2030 está muito longe disso”, concluiu.

EM NOTA CONJUNTA, CNM-CUT E CNTM DENUNCIAM DESMONTE DA INDÚSTRIA

A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da Força publicaram ontem nota conjunta de descontentamento ao Rota 2030.

“Não existe um país desenvolvido sem uma indústria forte, com papel decisivo do Estado e ampla participação dos trabalhadores e trabalhadoras na sua construção”, afirma.

As confederações convocam os trabalhadores a lutar por uma política industrial soberana, que defenda o emprego e o conteúdo nacional. Confira a íntegra no site: cnmcut.org.br.

Da Redação.