Sindicato discute medidas para o setor com presidente Lula, ministros e empresários
Pacote para diminuir o preço final dos veículos está em análise no Ministério da Fazenda e deve ser detalhado em 15 dias
Os Metalúrgicos do ABC participaram de reunião na manhã de ontem, em Brasília, com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, representantes de setores da indústria e dos trabalhadores. O governo apontou as medidas que estão sendo discutidas para diminuir o preço final de veículos e para estimular a indústria nacional. O pacote está em análise no Ministério da Fazenda e deve ser anunciado em detalhes em 15 dias.
Participaram pelo Sindicato o presidente, Moisés Selerges, o diretor administrativo, Wellington Messias Damasceno, e o diretor executivo, Aroaldo Oliveira da Silva.
“Reforçamos na reunião o conjunto de propostas para o setor que entregamos ao presidente Lula no início do mês. No estudo, além de promover o lançamento imediato de modelos populares de carros, destacamos medidas para caminhões e ônibus que podem reaquecer a nossa economia”, afirmou Moisés.
“Entre elas estão o Finame (Financiamento de máquinas e equipamentos) e o programa Caminho da Escola, que é uma política pública voltada à indústria, mas com o caráter social de levar as crianças, principalmente em regiões mais afastadas, para a escola. E cravamos nosso posicionamento de que todo anúncio de incentivo é bem-vindo, mas os trabalhadores precisam estar inclusos na proposta, com proteção ao emprego e conteúdo local”, afirmou.
Outro tema preocupante é a taxa básica de juros, a Selic. “O Banco Central insiste em manter a taxa em insuportáveis 13,75%. Falamos ainda da importância de o setor empresarial também fazer pressão para reduzir os juros para que o país possa crescer”, defendeu.
Carro popular
Entre as medidas do governo estão a redução nos impostos, com o objetivo de reduzir o preço final dos carros de até R$ 120 mil, que deve variar de 1,5% a 10,79%, com base em três fatores:
• Valor atual do veículo: quanto mais barato o carro, maior será o desconto tributário;
• Emissão de poluentes: quanto maior a eficiência energética, com menos emissão de poluentes, maior o desconto;
• Cadeia de produção: quanto maior o percentual de peças e acessórios produzidos no Brasil, maior o desconto.
Atualmente, cerca de 50% do mercado automotivo está dentro desse valor de até R$ 120 mil.
Crédito popular
Wellington reforçou que é preciso ter taxas mais baixas de financiamento para a retomada da economia, já que a maior parte das vendas hoje é a direta, feita à vista por frotistas e locadoras de veículos.
“O crédito hoje é um problema no Brasil, a cada dez pedidos de financiamento no país, apenas três são aprovados e, ainda assim, não necessariamente viram negócios por conta da alta taxa de juros. É fundamental que a taxa baixe para que haja linhas de crédito populares, com períodos mais longos de financiamento”.
Mais medidas
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, anunciou em evento ontem na Fiesp, um pacote de estímulo à indústria geral de R$ 4 bilhões para financiamentos e investimentos em dólar voltados para empresas que trabalham com exportação.
Também foi anunciada a adoção da TR (Taxa Referencial) como taxa de juros para projetos de pesquisa e inovação.
Para Aroaldo, são medidas importantes para a indústria como um todo. “Ao incentivar a exportação, o governo dá suporte para colocar a indústria brasileira de volta ao mundo”, avaliou.
“Além disso, há outras medidas que o Sindicato discute e acompanha que estão em pauta no governo, como a depreciação acelerada e a criação da rubrica de equalização, que é uma compensação em caso de oscilação muito forte”, concluiu.