Sindicato e IF Metall reforçam cooperação internacional para transição verde e justa
Encontro entre sindicalistas brasileiros e suecos marca início de ações conjuntas voltadas à sustentabilidade e celebra os 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Suécia

Em um gesto que reforça os laços históricos entre Brasil e Suécia, os Metalúrgicos do ABC receberam em setembro uma delegação da IF Metall — uma das maiores entidades sindicais suecas, que reúne trabalhadores da metalurgia, engenharia, mineração, construção e setor automotivo. O encontro marcou o ponto de partida para ações conjuntas que serão desenvolvidas em 2026, ano em que os dois países celebram 200 anos de relações diplomáticas.
A agenda começou no dia 17, com visitas à Scania e à CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), em São Bernardo, e seguiu no dia 18, em Brasília, com um encontro na embaixada sueca. O evento reuniu sindicalistas, representantes da indústria, da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.
Para Maicon Michael, secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT e CSE na Mercedes, o encontro representou um novo marco de cooperação internacional. “Esse diálogo foi muito importante, não apenas pela presença da embaixadora Karin Wallensteen e dos companheiros do IF Metall, mas porque reúne trabalhadores, Estado, empresas e organismos internacionais. São espaços fundamentais para avançar nas pautas da classe trabalhadora e reforçar o debate sobre uma transição energética justa”.
Participação popular

Maicon destacou que esta transição precisa ser popular, democrática e inclusiva, construída com a participação direta dos trabalhadores e das comunidades afetadas. “Não queremos uma transição conduzida por grandes grupos econômicos que só visam lucro, mas uma popular que garanta emprego, desenvolvimento sustentável e vida digna dos trabalhadores”.
O presidente da IndustriALL-Brasil e da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, reforçou o caráter estratégico do momento. “Vivemos um novo marco de desenvolvimento que deve transformar vantagens, como nossa matriz de baixo carbono, em benefícios concretos para o povo. A transição só será justa se vier acompanhada de qualificação profissional e combate à pobreza energética”, afirmou.
Aroaldo também convidou a embaixadora a conhecer o ABC e se conectar com os projetos em andamento. Propôs dar sequência ao diálogo sobre integração produtiva, diante dos desafios do tarifaço anunciado por Trump, para fortalecer a cadeia regional em cooperação com outras partes do mundo. Segundo ele, a diplomata demonstrou interesse e disse estar feliz com o convite para a visita.
Desafios tecnológicos
Da parte da Scania, o CSE Regis Reis Guedes apresentou a visão dos trabalhadores sobre os desafios da eletrificação. “Quando a Scania começou a desenvolver caminhões elétricos na Suécia, o debate central era o descarte das baterias, quase a altura da cabina. Aqui no Brasil, ainda estamos focados no biometano. A eletrificação virá, mas é preciso pensar em todo o ciclo produtivo para não gerar novos impactos ambientais.”
O diálogo entre Brasil e Suécia reafirma o papel estratégico dos sindicatos na construção de uma transição verde com justiça social, colocando as pessoas no centro das decisões. O encontro fortaleceu os laços históricos entre os dois países e abriu caminhos concretos para um desenvolvimento mais sustentável, solidário e humano.