Sindicato entrega documento ao governo contra a conclusão do acordo Mercosul e União Europeia
Metalúrgicos do ABC reiteram em carta que o acordo entre os dois blocos traz graves riscos à indústria e à economia brasileira
O diretor executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, entregou um documento ao embaixador e negociador do acordo entre Mercosul e União Europeia, Maurício Lírio, na última sexta-feira, 12, em que os Metalúrgicos do ABC alertam para os graves riscos à indústria brasileira e à economia caso o acordo de livre comércio entre os países dos dois blocos seja concluído.
“Reiteramos que a conclusão do acordo significaria um grave equívoco, e da mesma forma que rejeitamos, no passado, o acordo comercial para a formação da Alca, como uma área de livre comércio das Américas, devemos rejeitar esse acordo com a União Europeia que traz consequências extremamente negativas para nossa economia, nossa população, e para o desenvolvimento dos países que compõem o Mercosul e todo nosso continente sul-americano”, destaca o Sindicato no documento.
A carta é endereçada ao presidente Lula, ministros, secretários, diplomatas, negociadores e parlamentares e assinada pelo presidente do Sindicato, Moisés Selerges.
Setor automotivo
Em especial, o Sindicato reforça os impactos negativos no setor automotivo, já que o acordo prevê liberar impostos de toda a cadeia de partes, peças e veículos, inclusive as cadeias de eletrificados (veículos híbridos e 100% elétricos), comprometendo a estratégia do governo de atrair e estimular investimentos em mobilidade verde no país.
Também destaca que o acordo prevê redução escalonada do imposto de importação e o aumento progressivo das cotas de importação de veículos eletrificados, num período de 15 anos, “contradizendo o próprio governo brasileiro que, em decisão recente, adotou o aumento gradativo do imposto de importação sobre esses tipos de veículos e definiu cotas decrescentes de importação para os mesmos”.
Indústria nacional
O Sindicato reforça ainda os prejuízos ao país e as consequências que inviabilizariam os objetivos de reindustrialização do Brasil e a retomada do desenvolvimento com a entrada de produtos europeus.
“A indústria brasileira será fortemente impactada pela maior penetração de produtos manufaturados europeus, seja nos setores de alta tecnologia, como especialmente afetando a indústria brasileira de média e média-baixa tecnologia, dada a redução e extinção das alíquotas de importação praticadas atualmente – isso irá levar à redução da competitividade da indústria brasileira, à perda de empregos e à intensificação da primarização da economia brasileira”.
Ausência de debate
O Sindicato lembra também a falta de debate com a sociedade sobre o acordo, com “a completa ausência de consulta pública à sociedade civil brasileira sobre os termos do acordo entre Mercosul e União Europeia, sem qualquer apreciação sobre os impactos para nossa economia e para a perda de empregos em nosso país”.