Sindicato entrega pauta à Anfavea e Sindipeças por acordo em defesa da vida e do trabalho

Metalúrgicos do ABC defendem o isolamento social e propõem que o setor privado compre vacinas e auxilie o sistema público de saúde no combate à Covid-19

Tendo em vista o agravamento da pandemia da Covid-19 e o descaso do governo federal em relação à gravidade da situação, o Sindicato, preocupado com a saúde dos trabalhadores, entregou ontem documentos à Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e ao Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) em que propõe o “Acordo Marco Emergencial em Defesa da Vida e do Trabalho”.

No texto, os Metalúrgicos do ABC afirmam que é necessário um esforço conjunto e ainda maior entre empresas, sindicatos e o poder público a fim de garantir medidas eficazes de enfrentamento à pandemia.

“É imprescindível que os trabalhadores permaneçam em suas casas, junto aos familiares, nos próximos dias! Também é imprescindível que o setor privado apoie o sistema público de saúde e, com isso, evite um colapso irremediável! E a indústria automotiva tem capacidade para liderar esse processo no segmento econômico”, diz o texto.

O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, afirmou que os representantes dos setores patronais foram receptivos à iniciativa dos Metalúrgicos do ABC, mas argumentaram que é preciso medidas do governo para custear os salários.

“Eles receberam bem a necessidade de urgentemente unir todos os esforços e propostas que possam conter o avanço mais agressivo da Covid-19. O Sindicato defende o isolamento total e severo, mas para ser eficaz tem que ser feito de forma geral, não dá pra ficar pingando um pouquinho aqui outro ali. E para isso é preciso um programa federal de proteção do emprego e da renda”, ressaltou.

“A solução ideal seria a vacinação em massa, mas não é o que está acontecendo. Então a contrapartida é o isolamento social em massa, já que uma coisa compensa a outra, quanto mais vacinados, menos isolados e quanto menos vacinados, mais isolados. Portanto, é papel das entidades buscar alternativas para a inoperância desse governo”, destacou.

“As conversas continuam, vamos buscar outros sindicatos patronais, vamos buscar ajuda de outros companheiros e companheiras do movimento sindical na tentativa de construir ações conjuntas que possam mitigar, diminuir, os efeitos da pandemia nas nossas vidas e na sociedade”, completou.

Propostas

Isolamento social

Que os trabalhadores permaneçam em isolamento social. Para isso, é preciso políticas públicas que deem condições para assegurar a renda, a manutenção dos empregos e das próprias empresas.

Vacina

Estruturar a aquisição compartilhada de vacinas junto às secretarias municipais de saúde ou consórcios públicos, a exemplo do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, como forma de acelerar o processo de imunização da população.

No primeiro momento, a doação deverá ser feita 100% para o SUS regional. Após a vacinação de todo o grupo prioritário, as empresas deverão doar 50% para o SUS e poderão usar 50% das vacinas em seus trabalhadores.

Apoio

Criação de rede de apoio ao sistema público de saúde regional para suporte às necessidades de cada cidade. Que o setor privado auxilie com os insumos de saúde necessários e profissionais em falta no setor público.

Reconversão industrial e crédito

Estruturação de agendas e interlocução junto aos poderes executivo e legislativo nacional, com vistas à criação de condições para projetos de:

1. reconversão industrial como forma de ampliação da capacidade de resposta do sistema público de saúde e da manutenção da atividade econômica;

2. aquisição de crédito para as empresas da cadeia produtiva das montadoras.