Sindicato está em alerta sobre a pandemia e cobra garantias ao trabalhador

Metalúrgicos do ABC orientam que se os casos de Covid-19 não diminuírem, trabalhadores devem deixar de ir para as fábricas a partir do próximo dia 15

Foto: Adonis Guerra

Diante do avanço da Covid-19 e do total descontrole de transmissão do vírus, mesmo após passado um ano do primeiro caso no Brasil, o Sindicato vai tomar medidas para que os trabalhadores possam fazer o isolamento social e preservar vidas, caso a situação não melhore.

“Até o próximo dia 12, se esses números não forem reduzidos, com essas medidas anunciadas que entendemos não ser suficientes para conter o contágio, a partir do dia 15 nossa orientação é que os trabalhadores deixem de ir para as fábricas. Aí seremos nós enquanto responsáveis por cuidar não só do emprego, mas de cada companheiro e companheira para que se resguardem e promovam o isolamento e a proteção de suas famílias”, afirmou o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.

“Vamos incentivar e exigir a medida provisória que dê proteção ao emprego, ao salário e à renda e exigir dos órgãos públicos que aumentem a sua capacidade de atendimento à população. Mas se isso não for suficiente, no próximo dia 15, vamos parar as fábricas para que os trabalhadores da nossa base tenham condição de se proteger e assim conter esse vírus impiedoso que assola nosso país”, explicou.

A partir de sábado, 6, São Paulo volta ao que o governo estadual chama de fase vermelha, quando serviços essenciais estão permitidos. A medida valerá até o dia 19 de março e não inclui o fechamento total de escolas e as indústrias podem continuar operando. A tentativa é de controlar a evolução da curva de infecções, óbitos e internações. Os dados de ontem informavam que em 24 horas, foram 901 pedidos de internação no estado, um paciente a cada dois minutos.

Diante da situação, os Metalúrgicos do ABC defendem o urgente retorno do auxílio emergencial e de medidas de preservação de empregos.

“Neste instante o mais importante é a vida, mas sabemos que muitos trabalhadores vêm passando dificuldades, principalmente aqueles que estão em serviços mais precários, sem remunerações adequadas. O movimento sindical defende o retorno do auxílio emergencial no valor de R$ 600 para a proteção dessas famílias que dependem desse tipo de emprego cuja renda é incerta”, declarou.

O presidente também destacou a necessidade da continuidade da medida provisória que garantiu emprego e renda no ano passado.

“Reforçamos a determinação de que a medida provisória, que no ano passado garantia uma remuneração em caso de suspensão temporária de contrato e redução de jornada, seja reeditada nas mesmas condições do ano passado. Ela salvou muito empregos e empresas”.

“É óbvio que neste instante de apreensão já estamos cansados das medidas em relação ao combate à pandemia, mas é neste momento em que ela atinge situações piores e mais calamitosas do que foi durante o ano passado inteiro, que temos que redobrar nossos esforços e nos sacrificar um pouquinho mais em favor do isolamento e da vida de cada um de nós”, recomendou.

Tudo feito do jeito errado

O médico e coordenador do Departamento de Saúde do Sindicato, Nilton Teixeira, avalia que o Brasil chegou a esse patamar pela falência do sistema de saúde tanto no nível público como no privado e cobra a vacinação em massa.

“Optou-se por fazer tudo do modo errado, a população não foi testada, investimento em compras e desenvolvimento de vacinas não foi feito em tempo hábil, o que teria evitado muitas mortes e o absurdo número de novos casos dia a dia. Até medidas simples como o uso de máscara e distanciamento social foram desprezadas pelo presidente do Brasil, deu no que deu, o país inteiro está entrando em colapso”.

“Devemos assumir de modo drástico a luta pela vacinação em massa e necessitamos adotar medidas mais rigorosas como o fechamento de muitos serviços, a fim de diminuir a circulação de pessoas e reduzir a transmissão do vírus”, completou.