Sindicato faz assembleias na IGP, Parker, Brasmetal, Revoluz e Samot e chama categoria para assembleia dia 23
Trabalhadores devem votar propostas das bancadas patronais ou reafirmar disposição de luta caso não haja avanços nas negociações
Sexta-feira, 23, tem assembleia geral decisiva da Campanha Salarial 2024 na Regional Diadema, às 18h, e os Metalúrgicos do ABC chamam todos os trabalhadores e trabalhadoras para votar as propostas das bancadas patronais ou reafirmar disposição de luta caso não haja avanços nas negociações. A FEM-CUT/SP (Federação Estadual dos Metalúrgicos) cobra a reposição integral da inflação, acumulada em 3,85% de setembro de 2023 a julho deste ano, aumento real nos salários, a renovação dos direitos trabalhistas e avanços nas cláusulas das mulheres contidos nas CCTs (Convenções Coletivas de Trabalho), dentre outros pontos.
Na última sexta-feira, 16, e ontem, os Metalúrgicos do ABC realizaram assembleias em mais cinco fábricas na base e a adesão à luta não para de crescer. Metalúrgicos e metalúrgicas na Samot, em São Bernardo; na Revoluz, IGP, Parker e Brasmetal, em Diadema, garantiram mobilização permanente durante a Campanha, que está em contagem regressiva, já que a data-base é 1° de setembro.
“Após semanas de mobilização, chegou a hora da categoria decidir se aceita os acordos ou se será definido o encaminhamento de luta pela valorização na Campanha Salarial 2024”, avisou o presidente do Sindicato, Moisés Selerges.
“Todo ano é essa choradeira dos patrões, mas sabemos como funciona a Campanha Salarial e, mais do que ninguém, lidar com essa situação porque temos uma coisa importante entre nós: mobilização, organização através dos comitês sindicais e somos nós, trabalhadores, que produzimos a riqueza do país”, afirmou o dirigente.
Até o momento, apenas dois grupos – Sicetel e Sifesp (Fundição) – apresentaram propostas de reposição das perdas salariais que os metalúrgicos tiveram com a inflação no período, sem aumento real. Outras duas bancadas patronais sinalizaram reajuste acima da inflação do período. Um dos pontos de impasse são as cláusulas sociais, que estabelecem importantes direitos aos trabalhadores. Parte das bancadas patronais questiona e quer retirar direitos da categoria. No caso das reivindicações das trabalhadoras, há avanços, de acordo com a Federação.
Mobilização pela base
Durante assembleia conjunta na manhã de ontem na IGP, Parker e Brasmetal, em Diadema, o coordenador da Regional Diadema e CSE na IGP, Antônio Claudiano da Silva, o Da Lua, lembrou que a Campanha Salarial do ano passado foi muito difícil e acordos foram fechados por empresas. “Em fábricas como a IGP, por exemplo, temos mais condições de negociar porque é baseada na organização do local de trabalho, mas muitas não são assim. Fortalecemos as negociações a partir da sindicalização, mobilização e luta”.
Em sua fala, o CSE na IGP, Ricardo Torres de Oliveira, o Trakinas, fez um recorte aos jovens na fábrica. “É importante vocês entenderem a luta pela Convenção Coletiva que é, de uma forma simplificada, um livro de regras que dita relações mínimas entre empresa e trabalhador. O pessoal se atenta muito pelo lado monetário. Na Convenção Coletiva existem, por exemplo, o piso de entrada na categoria, direitos às mulheres e muito mais. A partir do momento que você não tem uma Convenção assinada, você vai ficar à mercê da vontade da empresa”.
Alerta
Já o CSE na Parker, Benedito Carlos Amâncio Silva, o Benê, deixou todos alertas. “Os patrões têm olheiros em todos os lugares, até nas nossas assembleias para saber o tamanho da adesão dos trabalhadores, a temperatura do movimento. E se a companheirada não está presente, fortalecida, seguram ainda mais as negociações. Não é só pelo financeiro. Esse ano é importante lutarmos pela Convenção Coletiva ao lado dos Metalúrgicos do ABC, um sindicato de luta, combativo, propositivo”.
O CSE na Brasmetal, Vinícius Oliveira Dionísio, falou sobre a maldade que os patrões estão fazendo neste processo de negociação. “Eles não respeitam nem o trabalhador que está nos representando para conseguir um aumento real para nós. Querem tirar a cláusula que garante o acidentado de ter o emprego dele na fábrica e isso é só a ponta do iceberg. Sexta-feira [23] precisamos mandar o recado e deixar bem claro que se precisar parar, vamos parar as empresas”.
Direitos
A diretora executiva do Sindicato, Andrea Sousa, a Nega, esteve na manhã da última sexta-feira, 16, na porta da Revoluz, em Diadema, e destacou que uma das reivindicações é por salário igual para trabalho igual entre homens e mulheres. “Não é justo ganhar menos tendo a mesma qualificação e fazendo o mesmo trabalho. Não é justo porque hoje em dia as mulheres também são arrimo de família”.
A tarde, durante assembleia na Samot, em São Bernardo, a CSE na fábrica e secretária de Formação da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), Maria do Amparo Travassos Ramos, reafirmou a lei de igualdade salarial e contou que essa pauta também consta nas reivindicações da FEM-CUT/SP. “A lei da igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens completou um ano no mês de julho e tem como objetivo principal combater a desigualdade de gênero no ambiente de trabalho”.
“Apesar de representar um avanço para o enfrentamento às disparidades salariais, há um longo caminho pela frente. A luta da categoria junto ao Sindicato é fundamental para apoiar a lei, seja para incluir cláusulas nas negociações coletivas que reforcem a questão da remuneração ou acompanhar de perto como a lei tem se desdobrado nas empresas, cobrando e fazendo pressão”.
O coordenador de São Bernardo, Jonas Brito, também esteve na Samot e reafirmou a luta pela Convenção Coletiva este ano. “O companheiro que muitas vezes é exposto a um trabalho inadequado, a uma função inadequada e ao longo dos anos adquire uma doença ocupacional, a convenção dá garantia de estabilidade para ele. A fábrica tem esse dever e a gente precisa garantir que esse direito continue”.