Sindicato garante grupo de trabalho com Ministério do Desenvolvimento para Vale-Transporte Social

Debate sobre o sistema de transporte está conectado ao da política industrial. Aumento da demanda de usuários deve puxar a renovação de frota de ônibus

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Em conversa com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, no último dia 25 de janeiro, em Brasília, o diretor executivo do Sindicato e presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, apresentou o Vale-Transporte Social e as diretrizes do projeto.

“Começamos a pautar o tema para mudar um pouco a lógica do que acontece com o transporte público coletivo. Hoje o sistema é deficitário e os governos, tanto municipais quanto federal, têm feito aportes”, explicou.

Para o diretor, a classe trabalhadora, empobrecida e precarizada pelos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, não consegue arcar com as altas tarifas do transporte coletivo para se deslocar ao trabalho.

“Desde 2016 foi caindo o número de pessoas que faziam uso do transporte público e a pandemia acentuou essa queda. Os governos começaram a colocar mais dinheiro no sistema. Em São Paulo, por exemplo, o sistema custa R$ 12 bilhões e a cidade custeia metade às empresas”, afirmou.

“Queremos garantir o acesso à mobilidade urbana, reestabelecer o equilíbrio econômico do setor, estimular a cadeia produtiva, o investimento em novas tecnologias, manter as exportações e adequar às exigências socioambientais. Essas são as diretrizes pautadas na reunião e bem recebidas pelo ministro, que já conhecia o projeto. Agora, estamos discutindo a criação de um grupo de trabalho para organizar ainda mais esse debate”, celebrou.

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Contrapartida

Durante o encontro, o diretor propôs direcionar para os usuários esse valor que iria para os empresários. “Quando o usuário volta a pegar ônibus, o dinheiro entra no sistema de transporte do mesmo jeito e o valor vai chegar à empresa, mas com as pessoas tendo acesso ao ônibus”.

Aroaldo lembrou ainda que metade dos desempregados não andam de ônibus e não procuram emprego porque não tem dinheiro para a passagem.

“Dialogamos essa questão tanto no Ministério do Trabalho, com o Vale-Transporte Social para desempregados, quanto no Ministério do Desenvolvimento Social, para que o mesmo conste na reformulação do Bolsa-Família e, assim, as pessoas consigam ter oportunidade de procurar emprego, de se movimentar e de sair da condição em que estão”.

“O último governo federal começou a dar dinheiro para as empresas cobrir esse déficit. E agora o governo Lula tem esse dinheiro previsto no orçamento que pode se transformar em Vale-Transporte Social”.

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Renovação de frota

Conectando ao debate da política industrial, o diretor entende que o aumento dos usuários do transporte público gerado pelo programa ocasiona também um aumento de demanda. Nesse sentido, uma das contrapartidas é a renovação de frota dos ônibus por parte das empresas, incentivando a indústria, gerando emprego e renda.

“E isso também importa para os trabalhadores na indústria, que é o aumento da fabricação de ônibus no Brasil, além da questão da sustentabilidade com o debate que faremos sobre o ônibus elétrico, dentre outras pautas importantes ao setor industrial para dialogar com o governo”.

Luta unitária

A proposta de transporte gratuito para trabalhadores desempregados foi lançada no Calendário Unitário de Lutas da CUT, demais centrais sindicais e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em março do ano passado.

Além da alta de combustíveis do governo anterior, a partir da pandemia, o setor de ônibus registrou queda de 30% no número de passageiros, em um ciclo vicioso de elevação de tarifas.

Diadema e Mauá

Os Metalúrgicos do ABC apoiaram e participaram dos lançamentos das iniciativas de Vale-Transporte Social das Prefeituras de Mauá, em março, e de Diadema, em setembro do ano passado.