Sindicato lança amanhã projeto “Engrenagem Cultural” e chama categoria a expressar seus talentos artísticos
Evento na Sede começa às 10h com lançamento de livro de poemas e sarau com microfone aberto
Amanhã, a partir das 10h, o Sindicato lança o projeto “Engrenagem Cultural”, que inicia com o objetivo de divulgar, apoiar e fomentar a arte produzida pelos trabalhadores da base e promover agendas culturais mensais no Sindicato.
O evento que marca o pontapé inicial do projeto contará com lançamento do livro de poemas ‘CTPS’, do metalúrgico Airton Mendes, sarau com microfone aberto e criação do Coletivo de Cultura dos Metalúrgicos do ABC.
“Tem muita gente talentosa dentro das fábricas, seja da área do teatro, da música, da poesia, do rap, do cordel, da dança, queremos identificar esses talentos, trazê-los para o Sindicato e divulgá-los nos nossos meios de comunicação. A ideia é ter, no mínimo, uma atividade cultural por mês na Sede”, explicou o secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira.
Segundo o dirigente, o projeto atende a uma demanda tirada durante o último seminário da direção executiva para identificar talentos no chão de fábrica. “Este é um momento importante, vivemos uma ofensiva muito forte contra a cultura. Mais do que nunca é hora para se criar o Coletivo e trazer cada vez mais arte para o nosso Sindicato, sempre envolvendo os trabalhadores e as trabalhadoras”.
Sobre a atividade de amanhã, destacou: “A ideia é que seja leve, descontraída, animada e que possa inspirar os companheiros e companheiras a mostrarem seus talentos. É importante que os trabalhadores se sintam realmente parte desse projeto”, convidou.
Lançamento do livro CTPS
O livro CTPS, lançado pela Alpharrabio Edições, do metalúrgico, professor e poeta Airton Mendes traz poemas “de graxa, suor e lutas”, como o próprio autor define. Airton foi da categoria, trabalhou na Seeger Reno, atual TTB, na Promold, Cosmolde, Injecta, Resil, todas em Diadema. Também atuou na KS Pistões, onde participou de uma greve histórica, na qual os trabalhadores tomaram a fábrica por uma semana.
“Este ano nossa CTPS, carinhosamente chamada pelos trabalhadores de Carteira Profissional, completa 90 anos. E tem muita gente que nem sequer a possuiu querendo matar essa ‘simpática velhinha’. Cabe a nós encamparmos uma luta no sentido de restaurar a importância da carteira profissional”, defendeu o autor.
Airton se diz honrado pela oportunidade de lançar o livro na Sede e reforça a importância da cultura. “É um prazer dobrado poder lançar o livro no meu eterno Sindicato, primeiro por tudo o que essa casa representa e representou na minha vida e de tantos trabalhadores e trabalhadoras. Segundo porque coincide com o lançamento do ‘Engrenagem Cultural’, que ao meu ver é de extrema importância. A cultura nos dias de hoje se tornou uma das armas mais poderosas para combater a ignorância”.
Poeta-operário
“Airton é, sem dúvida, o operário que adquire a ‘dimensão da poesia’, mas também sabe que, na vida real, ‘de dentro’, não é tão fácil trocar o ‘sim’ pelo ‘não’. E, por isso, os ecos dessa poesia que vê a vida operária de fora são soterrados pelo ruído absurdo da fábrica, pela forma como esse ruído se espalha pela vida e pela voz do poeta-operário”, diz o posfácio do livro assinado pelo também poeta Tarso de Melo.