Sindicato, montadoras e entidades do setor discutem futuro do Pró-Ferramentaria na região
Evento teve por objetivo fortalecer o setor que vem perdendo postos de trabalho no estado. Expectativa é que programa avance no próximo ano.
Representantes dos Metalúrgicos do ABC, dirigentes da Volks, e das entidades Abimaq, Abinfer, Anfavea, APL de Ferramentaria do ABC se reuniram na manhã de terça-feira, 9, no Workshop Pró-Ferramentaria. O evento, realizado no Senai Mário Amato, em São Bernardo, teve por objetivo discutir o futuro da aplicação do programa, construído em conjunto entre Sindicato, empresários, universidades e governos.
O Pró-Ferramentaria propõe a utilização do crédito acumulado de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), desde que comprem ferramentas e moldes nas empresas instaladas em São Paulo, focando na geração de empregos e capacitação profissional. Até o momento, a Volks foi a única empresa que apresentou projeto para incorporação do programa.
O seminário que deu início às discussões do Pró-Ferramentaria havia ocorrido em 2020, em São Caetano, com organização dos Metalúrgicos do ABC.
De acordo com o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, a expectativa é que o programa comece a funcionar de fato no próximo ano. Ele ressaltou o protagonismo do Sindicato desde o início do projeto.
“O Sindicato participa da discussão desde o início, sempre pensando em políticas públicas de emprego, renda e desenvolvimento econômico e social da região e do país. É uma maneira inteligente de as empresas retomarem o crédito que está retido, ele vira negócio, já que a compra de ferramental deve ser feita no estado de São Paulo e retorna para o estado com o aumento de arrecadação”, afirmou.
“Esse é o melhor projeto que podemos elaborar do ponto de vista que ele beneficia todos os atores envolvidos, as empresas, os trabalhadores, as instituições de ensino e a sociedade por meio do retorno dos impostos pagos. É um programa que não tem na sua origem um benefício do estado, mas sim uma contrapartida para liberação do crédito gerado quando as empresas exportam”, completou.
Wellington lembrou a necessidade de recuperar o protagonismo da indústria paulista, sobretudo a de ferramental, que está no início da cadeia de produção.
“Toda a cadeia industrial nasce a partir do setor de ferramentaria e quando há um setor economicamente forte ocorre a indução do restante da cadeia instalada na região e no país, promovendo assim, desenvolvimento, capacitação profissional, geração de empregos, melhores salários e também uma possibilidade enorme de exportação”, finalizou.
Situação do mercado de trabalho
De 2013 a 2022, segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), dos 13 mil postos de trabalho perdidos no setor no Brasil, 8 mil estavam no estado de São Paulo.
Ainda segundo o levantamento, atualmente 44% dos profissionais de ferramentaria estão em São Paulo, sendo que essa porcentagem já foi bem maior, em 2005, por exemplo, eram 53%.
Economia forte e sustentável
“Se queremos de fato uma economia forte e sustentável, temos que pensar no desenvolvimento por meio da indústria. Este é um momento histórico, estamos dando um passo muito grande para a nossa indústria brasileira. Precisamos de uma política robusta, bem coordenada para fortalecer o setor. Ela inicia no estado de São Paulo, mas vai forçar os outros estados a também criarem políticas sustentáveis para um país forte”, destacou o coordenador da representação na Volks e conselheiro do Senai, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho.