Sindicato não vai aceitar fechamento da Magneti Marelli

Ministérios do Desenvolvimento, da Ciência e Tecnologia e a direção da Petrobras serão procurados. Luta será da categoria e da sociedade


Foto: Amanda Perobelli

O Sindicato realizou assembleia nesta quinta-feira na frente da Magneti Marelli, em São Bernardo, para debater com os trabalhadores alternativas para a permanência da fábrica na cidade.

“O fechamento desta empresa significa colocar mais de 450 pais e mães de família na rua”, denunciou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato. “E isto nós não vamos aceitar”, prosseguiu.

Os problemas na Magneti Marelli começaram há cerca de oito anos, quando ela direcionou todas as vendas de seu único produto – camisa de motores – para o exterior.

A valorização do real e a crise econômica nos Estados Unidos e Europa, contudo, tirou a competitividade do produto fora do Brasil e a empresa ficou sem clientes.
No momento, sua unidade de São Bernardo tem pedidos apenas até o final do ano e nenhuma perspectiva de encomendas para 2012.

“A categoria já vivenciou situações assim nos anos 1990, quando várias empresas ameaçaram fechar”, disse Sérgio Nobre. Naquela época, porém, o País estava em crise e lutávamos contra um governo que não dialogava e não protegia a indústria”, destacou o dirigente.

“Hoje o ambiente é outro. O governo Dilma conversa com os trabalhadores e tem projetos para a indústria. É só lembrar que após nosso ato na Anchieta foram baixadas medidas de nosso interesse, como a Câmara Setorial”, afirmou.

Ao mesmo tempo, lembrou Sérgio Nobre, agora existem projetos importantes como o pré-sal, a malha ferroviária ou o trem-bala que empresas da região podem participar.

“Neste novo momento, existe a possibilidade de viabilizar a Magneti Marelli com um novo produto”, acentuou o presidente do Sindicato.

E revelou aos trabalhadores na Magneti que já solicitou uma reunião com os ministros do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia e a direção da Petrobras para discutir a situação da empresa.

“A luta pela manutenção da Magneti Marelli é de toda a categoria e de toda a sociedade e terá a solidariedade total dos metalúrgicos do ABC”, prometeu

“É prioridade para o Sindicato manter funcionando uma empresa com essa importância para a economia do ABC”, concluiu.

Presente ao ato, o vereador Paulo Dias (PT) destacou que a Câmara de São Bernardo está atenta ao problema. “A cidade não pode nem pensar em perder uma empresa com a importância da Magneti Marelli”, disse.

Esperança e preocupação entre os companheiros
Donisete Aparecido Luiz, 45 anos, 7 anos de fábrica, inspetor de qualidade demonstrou muita preocupação com o futuro da Magneti Marelli.

“É um momento muito difícil. Temos que nos preocupar em dar as notícias mais amenas possíveis para a família pra que eles não tenham o mesmo baque da gente e isso machuca muito, a gente fica sem chão. Nesse processo todo, às vezes a gente fica na máquina pensando como será o dia de amanhã”, disse.

Já o pirometrista Edson Araújo da Silva, de 34 anos, casado e com um filho, tem mais esperança. “Sei que é difícil, mas ponho fé que a empresa continue funcionando, principalmente agora que o Sindicato está se emprenhando a fundo em resolver nosso problema”, acredita.

A mesma opinião tem Rodrigo Meneses, operador de processos, casado e com um filho. “Não vai ser fácil, porém estou otimista. Eu, como a maioria do chão de fábrica, acha que a situação pode ser revertida”, afirmou.

Da Redação