Sindicato participa da Plastech Brasil, no Rio Grande do Sul

Em Caxias do Sul (RS), presidente da Anfavea dá sinal positivo de montadoras à criação de bureau nacional de engenharia e defende potencial de mercado nacional

Onda de pessimismo é um crime
Em Caxias do Sul (RS), presidente da Anfavea dá sinal positivo de montadoras à criação de bureau nacional de engenharia e defende potencial de mercado nacional
Nem tanto à marola, nem tanto ao tsunami. Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, o que mais abala o humor do mercado brasileiro é a ação humana. Com o seguinte grau de responsabilidade:“Cometemos este crime de entrar nessa onda de pessimismo e conseguimos deixar o consumidor com medo. O trabalhador fica com medo de perder o emprego e não gasta. E quando o consumidor não gasta, a economia não gira. E quando a economia não gira, o trabalhador perde o emprego. O momento é difícil, sim. Mas é um momento”.
A declaração abriu o segundo dia de Fórum Plastech Brasil, quarta-feira (26), pela manhã, no Parque de Exposições da Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS). O evento, que ontem dedicou um painel aos desafios e oportunidades do programa Inovar-Auto, corre paralelo a Plastech Brasil 2015, feira voltada aos mercados de plástico, borracha, compósitos, reciclagem e transformados automotivos, organizada pelo Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás). A exposição fica aberta das 14h às 21h até sexta-feira (28).
O acesso é gratuito, mediante credenciamento – antecipado, pelo site (plastechbrasil.com.br) ou no próprio local, em terminais eletrônicos.
“Estamos trabalhando para melhorar a cadeia produtiva e sair dessa situação. Pouca gente sabe o tamanho do mercado automotivo brasileiro. O potencial é enorme”, ponderou Moan.
O executivo apresentou números que sustentam a perspectiva de, mais do que retomada, avanço considerável da indústria automotiva a longo prazo. Caso o país mostre capacidade de crescer pelo menos 3% ao ano pelas próximas duas décadas, atingirá condições de vender anualmente mais de 7 milhões de unidades de veículos. Em 2015, a indústria deve fechar na casa dos 2,5 milhões.
Antes que alguém perguntasse de que forma o futuro volume seria absorvido pelo mercado e a própria estrutura do país, Moan apontou para as cidades de até 500 mil habitantes. Bloco que concentra 98% dos municípios do Brasil, 73% da população e – mais importante – possui uma faixa de consumo que cresce acima da média nacional.
“Mercado, temos. Futuro, temos. Só não podemos cometer o crime de deixar que essa onda de pessimismo nos abale. E não podemos cometer o erro de ficar parados. Temos de trabalhar para superar este momento. É um momento. Através do trabalho, vamos mudar este país”, arrematou, Moan, sob aplausos.
 
“Vamos botar nosso pessoal na rua com vocês”
A propósito de aplausos, quem obteve o mesmo resultado de Moan foi o diretor de Organização do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho. O dirigente sindical apresentou as ações desenvolvidas em conjunto com o Arranjo Produtivo Local (APL) de Ferramentais e a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC:
“A situação não está fácil no ABC, está muito difícil mesmo. Mas trabalhamos junto com as montadoras. Agora, por exemplo, estamos pressionando o governo pela política de renovação da frota de caminhões. E se precisar mobilizar os trabalhadores para fazer as nossas caminhadas, que sabemos fazer, por isso aí, vamos fazer. Vamos botar nosso pessoal na rua com vocês”, declarou, arrancando palmas do público de empresários um tanto surpresos.
Bigodinho destacou as chamadas Ações Pró-Ativas desenvolvidas conjuntamente por trabalhadores, empresários, integrantes do APL, da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC e do governo com o intuito de efetivar a aplicação do programa Inovar-Auto, que estimula a nacionalização de conteúdo pela cadeia automotiva.
Os quatro eixos pleiteados envolvem a manutenção dos atuais acordos comerciais com o México (impedindo uma vazão de importações de veículos daquele país), uma linha de financiamento específica às ferramentarias, a criação de um observatório de ferramentarias (para certificar a nacionalização de conteúdo e de aplicação de recursos obtidos pelas empresas com o BNDES) e, o mais desejado de todos, a criação de um bureau de alta engenharia.
“Quem não veio merece o puxão de orelha, porque tinha que estar aqui para saber o que está acontecendo. Temos de decidir se queremos ser fabricantes de conteúdo próprio ou apenas montadores. E temos de nos unir não só quando estamos em crise. Porque depois que a crise passa, cada um corre pro seu lado. O momento é muito difícil. Precisamos achar alternativas. Fazer algo diferente. Ninguém mata a fome olhando para o cardápio”, sentenciou Bigodinho.
 
Sinalização positiva de montadoras a bureau de engenharia
No debate que se seguiu ao painel, o secretário-executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC, Giovanni Rocco Neto, indagou ao presidente da Anfavea, Luiz Moan, quanto à estagnação do projeto – já concluído há cerca de dois anos – que cria um bureau nacional de engenharia. De acordo com Neto, as montadoras contam com um fundo de recursos de aproximadamente R$ 1,5 bilhão especificamente destinado a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o que seria a essência das ferramentarias no contexto do Inovar-Auto.
Moan respondeu que o avanço do projeto pelo Senado depende apenas de “união verdadeira” entre os três grandes polos de ferramentarias do país.
“Os principais estão aqui (em Caxias do Sul), em Joinville (SC) e no ABC. A localização pode ser diluída, isso agora é o que menos importa. Mas tem que ser um verdadeiro bureau de engenharia nacional. Em prol das ferramentarias, eu defendo um bureau de engenharia nacional”, concluiu o executivo.
 
IDEIAS EM DEBATE
“Nosso pensamento é de quanto mais tempo durar o Inovar-Auto, melhor”. Rodrigo Machado Bolina, coordenador-geral das Indústrias de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias substituto no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
 
“Entendemos que o Inovar-Auto teria de ser uma política de Estado, independentemente de governo”. Carlos Manoel de Carvalho, vice-presidente da Abinfer, coordenador do APL de Ferramentaria do Grande ABCD
 
“Esse bureau de engenharia tem tudo a ver com o que precisamos e estamos trabalhando”. Maria Paula Merlotti, coordenadora executiva do Setor Automotivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
 
“Quando ninguém acreditava, nós conseguimos fazer uma mudança e criar um programa de adensamento de cadeia produtiva. Podemos fazer mais”. Paulo Sérgio Furlan Braga, presidente da Câmara Setorial de Ferramentarias e Modelações da ABIMAQ, vice-presidente da ABINFER, coordenador do APL de Ferramentaria do Grande ABCD Paulista

Diretor de Organização do Sindicato, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho, surpreendeu público de empresários

Nem tanto à marola, nem tanto ao tsunami. Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, o que mais abala o humor do mercado brasileiro é a ação humana. Com o seguinte grau de responsabilidade:“Cometemos este crime de entrar nessa onda de pessimismo e conseguimos deixar o consumidor com medo. O trabalhador fica com medo de perder o emprego e não gasta. E quando o consumidor não gasta, a economia não gira. E quando a economia não gira, o trabalhador perde o emprego. O momento é difícil, sim. Mas é um momento”.

A declaração abriu o segundo dia de Fórum Plastech Brasil, quarta-feira (26), pela manhã, no Parque de Exposições da Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS). O evento, que ontem dedicou um painel aos desafios e oportunidades do programa Inovar-Auto, corre paralelo a Plastech Brasil 2015, feira voltada aos mercados de plástico, borracha, compósitos, reciclagem e transformados automotivos, organizada pelo Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás). A exposição fica aberta das 14h às 21h até sexta-feira (28).

O acesso é gratuito, mediante credenciamento – antecipado, pelo site (plastechbrasil.com.br) ou no próprio local, em terminais eletrônicos.

“Estamos trabalhando para melhorar a cadeia produtiva e sair dessa situação. Pouca gente sabe o tamanho do mercado automotivo brasileiro. O potencial é enorme”, ponderou Moan.

O executivo apresentou números que sustentam a perspectiva de, mais do que retomada, avanço considerável da indústria automotiva a longo prazo. Caso o país mostre capacidade de crescer pelo menos 3% ao ano pelas próximas duas décadas, atingirá condições de vender anualmente mais de 7 milhões de unidades de veículos. Em 2015, a indústria deve fechar na casa dos 2,5 milhões.

Antes que alguém perguntasse de que forma o futuro volume seria absorvido pelo mercado e a própria estrutura do país, Moan apontou para as cidades de até 500 mil habitantes. Bloco que concentra 98% dos municípios do Brasil, 73% da população e – mais importante – possui uma faixa de consumo que cresce acima da média nacional.

“Mercado, temos. Futuro, temos. Só não podemos cometer o crime de deixar que essa onda de pessimismo nos abale. E não podemos cometer o erro de ficar parados. Temos de trabalhar para superar este momento. É um momento. Através do trabalho, vamos mudar este país”, arrematou, Moan, sob aplausos.

 

“Vamos botar nosso pessoal na rua com vocês”

A propósito de aplausos, quem obteve o mesmo resultado de Moan foi o diretor de Organização do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho. O dirigente sindical apresentou as ações desenvolvidas em conjunto com o Arranjo Produtivo Local (APL) de Ferramentais e a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC:

“A situação não está fácil no ABC, está muito difícil mesmo. Mas trabalhamos junto com as montadoras. Agora, por exemplo, estamos pressionando o governo pela política de renovação da frota de caminhões. E se precisar mobilizar os trabalhadores para fazer as nossas caminhadas, que sabemos fazer, por isso aí, vamos fazer. Vamos botar nosso pessoal na rua com vocês”, declarou, arrancando palmas do público de empresários um tanto surpresos.

Bigodinho destacou as chamadas Ações Pró-Ativas desenvolvidas conjuntamente por trabalhadores, empresários, integrantes do APL, da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC e do governo com o intuito de efetivar a aplicação do programa Inovar-Auto, que estimula a nacionalização de conteúdo pela cadeia automotiva.

Os quatro eixos pleiteados envolvem a manutenção dos atuais acordos comerciais com o México (impedindo uma vazão de importações de veículos daquele país), uma linha de financiamento específica às ferramentarias, a criação de um observatório de ferramentarias (para certificar a nacionalização de conteúdo e de aplicação de recursos obtidos pelas empresas com o BNDES) e, o mais desejado de todos, a criação de um bureau de alta engenharia.

“Quem não veio merece o puxão de orelha, porque tinha que estar aqui para saber o que está acontecendo. Temos de decidir se queremos ser fabricantes de conteúdo próprio ou apenas montadores. E temos de nos unir não só quando estamos em crise. Porque depois que a crise passa, cada um corre pro seu lado. O momento é muito difícil. Precisamos achar alternativas. Fazer algo diferente. Ninguém mata a fome olhando para o cardápio”, sentenciou Bigodinho.

 

Sinalização positiva de montadoras a bureau de engenharia

No debate que se seguiu ao painel, o secretário-executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC, Giovanni Rocco Neto, indagou ao presidente da Anfavea, Luiz Moan, quanto à estagnação do projeto – já concluído há cerca de dois anos – que cria um bureau nacional de engenharia. De acordo com Neto, as montadoras contam com um fundo de recursos de aproximadamente R$ 1,5 bilhão especificamente destinado a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o que seria a essência das ferramentarias no contexto do Inovar-Auto.

Moan respondeu que o avanço do projeto pelo Senado depende apenas de “união verdadeira” entre os três grandes polos de ferramentarias do país.

“Os principais estão aqui (em Caxias do Sul), em Joinville (SC) e no ABC. A localização pode ser diluída, isso agora é o que menos importa. Mas tem que ser um verdadeiro bureau de engenharia nacional. Em prol das ferramentarias, eu defendo um bureau de engenharia nacional”, concluiu o executivo.

 

 

Presidente da Anfavea, Luiz Moan (com o microfone) abordou desafios e oportunidades do programa Inovar-Auto no Fórum Plastech Brasil

IDEIAS EM DEBATE

“Nosso pensamento é de quanto mais tempo durar o Inovar-Auto, melhor”. Rodrigo Machado Bolina, coordenador-geral das Indústrias de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias substituto no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

 

“Entendemos que o Inovar-Auto teria de ser uma política de Estado, independentemente de governo”. Carlos Manoel de Carvalho, vice-presidente da Abinfer, coordenador do APL de Ferramentaria do Grande ABCD

 

“Esse bureau de engenharia tem tudo a ver com o que precisamos e estamos trabalhando”. Maria Paula Merlotti, coordenadora executiva do Setor Automotivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

 

“Quando ninguém acreditava, nós conseguimos fazer uma mudança e criar um programa de adensamento de cadeia produtiva. Podemos fazer mais”. Paulo Sérgio Furlan Braga, presidente da Câmara Setorial de Ferramentarias e Modelações da ABIMAQ, vice-presidente da ABINFER, coordenador do APL de Ferramentaria do Grande ABCD Paulista