Sindicato participa de debate sobre ações de combate à fome

Encontro reuniu movimentos do campo, das florestas e das águas para tratar da importância da agricultura familiar. Presente, Lula afirmou que a fome é “resultado da mentalidade escravista” das elites brasileiras

Foto: Ricardo Stuckert

O secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges, e o diretor executivo, Carlos Caramelo,
participam na manhã da última sexta-feira, 15, em São Paulo, véspera do Dia Mundial da
Alimentação, do Encontro dos Movimentos do campo, das florestas e das águas. O evento
reuniu representantes de movimentos sociais e parlamentares para debater ações de combate
à fome.


Moisés Selerges lembrou que os companheiros e companheiras do campo, das florestas e das
águas são responsáveis pela produção da comida de verdade que chega às casas dos
brasileiros. “O agronegócio não produz o alimento que chega aos pratos dos trabalhadores.
Quem produz é a agricultura familiar. Precisamos debater ações conjuntas com os movimentos
ligados à produção de alimentos, à natureza e que respeitam a terra”.

Foto: Divulgação


O encontro contou com a participação do ex-presidente Lula, que afirmou que a volta da fome
ao país “é resultado da mentalidade escravista” das elites brasileiras, combinada com as
reformas neoliberais aplicadas desde o governo golpista de Michel Temer, agora aprofundadas
com Bolsonaro. “A gente pode produzir o que quiser, mas se o povo não tiver dinheiro, não
come”, afirmou.


Indígenas e quilombolas ressaltaram que são as terras por eles ocupadas que servem de
“proteção” ao avanço do agronegócio, resguardando a biodiversidade dessas regiões. Eles
também denunciaram a paralisação nos processos de demarcação. Os pescadores e
extrativistas afirmaram que estão sendo atacados, com suas terras ameaçadas por grandes
grupos econômicos.


Dia Internacional de Luta pela Soberania Alimentar

No sábado, 16, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) participou da
Conferência contra a Fome, organizada pela Mídia Ninja e o 342 Artes, como parte da
programação do Dia Internacional de Luta pela Soberania Alimentar.


“Temos um problema gravíssimo da fome no Brasil afetado pela concentração da riqueza, pelo
desemprego e pela alta dos alimentos provocada por problemas ambientais, por poucas áreas
plantadas e pelo agronegócio. Diante desse fato, cabe a nós fazer um grande debate com a
sociedade sobre a importância de o Estado brasileiro não permitir que voltemos a ter
flagelados, ter fome, ter miséria”, destacou João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do
MST.


“Esse dia 16 foi um momento para chamar a atenção, um dia internacional em defesa dos
alimentos, mas também colocamos o tema da fome no centro da pauta. Discutir alimentos é
discutir meio ambiente, agroecologia, reforma agrária, é discutir um novo modelo agrícola
para o país. Quero reafirmar a luta dos movimentos pelo “Fora, Bolsonaro”, mas agora, mais
do que tudo, é hora de lutar para termos um Natal sem fome, não podemos permitir essas
imagens pelo Brasil afora de gente catando resto de carne para de alimentar”, reforçou.

Em seu compromisso de combate à crise humanitária no Brasil sob o governo Bolsonaro, o
MST já doou, desde o início da pandemia, mais de 1 milhão de marmitas e 5 mil toneladas de
alimentos em diversos estados.


A fome como projeto político

Segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da
Covid-19 no Brasil, conduzido pela Rede PenSSAN, no final de 2020, mais de 19 milhões de
brasileiros passavam fome. Outro levantamento, feito por um grupo de pesquisadores da
Universidade de Berlim, aponta que 59,3% dos brasileiros – 125,6 milhões – não comeram em
qualidade e quantidade ideais desde o início da pandemia.
Com informações do MST e da Rede Brasil Atual