Sindicato participa de seminário Brasil-China promovido pelo Instituto Lula no RJ

Evento marca 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países e foco em investimentos em inovação

Foto: Andrea Nestrea

Os Metalúrgicos do ABC participaram da segunda rodada do ciclo de seminários sobre a China no Brasil e no mundo no último dia 11 no Rio de Janeiro. Organizado pelo Instituto Lula, o evento marca os 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países e o foco foi investimentos em inovação. Participaram especialistas, parlamentares, sindicalistas e representantes do governo federal.

“Não queremos ser apenas consumidores de produtos produzidos em solo chinês e exportadores de commodities, queremos ter produção no Brasil gerando emprego e isso a China pode ser uma aliada desde que as conversas caminhem para este sentido”, afirmou o diretor administrativo do Sindicato e diretor de acervo do Instituto Lula, Wellington Messias Damasceno.

Foto: Andrea Nestrea

“Este debate é importante para entendermos como tem sido a rota de crescimento chinesa, como eles chegaram nesse nível de desenvolvimento, principalmente de industrialização, e como o Brasil pode fazer uma parceira estratégica para também se desenvolver, se reindustrializar, promover pesquisa e crescimento e, por que não, transferência de tecnologia entre os dois países”, disse o dirigente.

Foto: Andrea Nestrea

Em março, uma delegação dos Metalúrgicos do ABC foi ao país asiático para conhecer montadoras de veículos leves e pesados elétricos, fabricantes de baterias e semicondutores e empresas de tecnologia. Também foi realizada apresentação sobre o Grande ABC, berço do setor automotivo no país, e o papel do Sindicato no processo de reindustrialização e atração de novas empresas para a região a fim de retomar seu protagonismo, só que desta vez com a eletrificação.

Ascensão

Em 20 anos, entre 2001 e 2021, o país oriental saltou do terceiro para o primeiro lugar na participação da produção industrial mundial. Saiu de 10% para 28,3%, deixando para trás os mercados europeu e norte-americano. A União Europeia viu sua participação cair do primeiro lugar, com 20% em 2001, para o terceiro, com 14,5% em 2021. Os Estados Unidos mantiveram-se na segunda posição, caindo de 20% para 16% no período.

Palestrantes demonstraram ainda que a Era Xi Jinping e os 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China apontam para um crescimento chinês sólido. De 1978 a 2023 chega a uma média de 8,9%, muito maior que a dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e dos Estados Unidos.

Rota da Seda

De olho nessas relações tão intrincadas, o governo chinês de Xi Jinping lançou em 2013 o BRI (Belt and Road Iniciative), a Nova Rota da Seda. O conjunto de programas de investimentos foi inicialmente focado em países da Eurásia. Daí seu nome, já que visava construir um cinturão econômico ao longo da Rota da Seda, visando inclusive maior entendimento entre os povos.

Hoje o Brasil estuda se fará parte do BRI diante de questões como os reflexos dessa adesão nas relações econômicas com os Estados Unidos e que melhorias poderiam trazer ao desenvolvimento nacional. No acumulado de 2005 até 2022, o Brasil recebeu 48% dos investimentos chineses na América do Sul.

Esse investimento em termos de valores tem uma acomodação, mas do ponto de vista do número de projetos está crescendo notadamente no setor de carros elétricos, o que aumenta a participação e relevância do Brasil e América Latina para a estratégia de expansão do poder global chinês.

O primeiro encontro ocorreu em São Paulo e o próximo será em Salvador. Pelos Metalúrgicos do ABC, além do Wellington, nesta edição participaram o coordenador da regional São Bernardo, Jonas Brito, e o secretário-geral da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), Renato Carlos Almeida, o Renatinho.