Sindicato quer economia aquecida agora

Metalúrgicos do ABC querem o fim do imposto de renda na PLR e reaquecimento da indústria. Propostas serão apresentadas ao ministro Guido Mantega


Sérgio Nobre, durante coletiva no Sindicato dos Bancários. Foto: Roberto Parizotti

Milhares de metalúrgicos do ABC voltam a ocupar nesta quarta-feira (21/3) parte da Via Anchieta para reivindicar o fim da cobrança do imposto de renda na PLR e medidas para o reaquecimento da indústria nacional.

“A produção no setor automobilístico sofreu um recuo de 19,5% nos dois primeiros meses de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado, com destaque negativo para a queda de 50% na produção de caminhões e 47% na de ônibus”, alertou o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, durante coletiva à imprensa, nesta terça-feira (20/3), na sede do Sindicato dos Bancários, em São Paulo.

“Isentar a PLR de imposto de renda ainda para este ano significa um incremento de R$ 1,61 bilhão na economia e um grande estímulo  para o mercado interno”, acrescentou.

Como outros exemplos negativos, Sérgio Nobre citou o pequeno crescimento do PIB em 2011 (2,7%), a estagnação da indústria de transformação, o encolhimento da balança comercial do País com o crescente déficit do setor de manufaturados, a reprimarização da pauta de exportação, o aumento dos produtos importados em nosso mercado e o início de processos de demissões em determinados setores, indicadores de que a luz amarela acendeu para a economia nacional.

Para superar este início de impasse, o Sindicato elaborou seis propostas para estimular o crescimento no País, que serão entregues ao ministro da Fazenda Guido Mantega, na tarde desta quarta-feira, em Brasília.

“É preciso coragem para modificar o sistema”, diz Sérgio Nobre
Além da isenção do imposto na PLR, o Sindicato propõe a criação de um programa de incentivo para a produção e comercialização de veículos com redução de emissão de poluentes (Euro 5), a renovação da frota de ônibus urbanos, um sistema de manutenção de emprego e renda, aumento do crédito para a compra de veículos automotores e a redução dos juros para empréstimos de pessoas físicas junto aos bancos.

“É preciso coragem para modificar o sistema que hoje financia um carro para o consumidor e cobra o valor de dois automóveis no final da compra, só em juros”, afirmou Sérgio Nobre.

Além da marcha pela rodovia Anchieta e da entrega de propostas ao governo, os trabalhadores farão uma paralisação na avenida Paulista quinta-feira (22/3).

Todas as manifestações fazem parte de uma campanha unificada dos Metalúrgicos do ABC, dos Bancários de São Paulo Osasco e Região, da Federação Única dos Petroleiros, dos Químicos do ABC e de São Paulo, dos Eletricitários de Campinas e dos Urbanitários, pelo emprego e em defesa da produção nacional.


AS SEIS PROPOSTAS DOS METALÚRGICOS DO ABC

AUMENTO DO CRÉDITO PARA PESSOAS FÍSICAS
Redução dos “spreads” dos bancos públicos, a fim de diminuir o custo do crédito no Brasil e assim desonerando o trabalhador das altas taxas de juros por ele paga. 

AUMENTO DO CRÉDITO PARA COMPRA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES
Revisão das restrições do Banco Central para financiamento de veículos automotores novos, implantadas em dezembro de 2010. 

PROGRAMA DE INCENTIVO À DIMINUIÇÃO DE NÍVEIS DE EMISSÃO DE VEÍCULOS PESADOS
Criação de um programa temporário de incentivo a compra de caminhões de acordo com o PROCONVE P-7/Euro 5. Para tanto propõe: redução das taxas de juros do Finame/BNDES para a compra de caminhões novos de acordo com o PROCONVE P-7/Euro 5. 

PROGRAMA DE RENOVAÇÃO DE FROTA DE ÔNIBUS URBANO
Viabilizar operações de crédito especial para Estados, Municípios e empresas concessionárias para renovação de frota de ônibus e caminhões, por meio de: liberação da linha de financiamento do Pró-Transporte e do Fundo Especial para Renovação da Frota do FGTS.

CRIAÇÃO DE UM SISTEMA DE MANUTENÇÃO DO EMPREGO E DA RENDA
Modernizar o sistema de seguro-desemprego, transformando-o gradativamente em um Sistema de Manutenção do Emprego e da Renda no qual a demissão e o pagamento do seguro como ocorre hoje será a última etapa de um processo que tem como base a negociação entre sindicatos e empresas, avançando-se também na implantação de um Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda que integre as políticas de qualificação profissional, de intermediação de mão de obra e de seguro-desemprego. 

Da Redação