Sindicato questiona privatizações e defende diálogo com a sociedade

Ações defendidas pelo governador de São Paulo carecem de transparência e não prometem melhorar serviços prestados

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A greve unificada de 24 horas dos trabalhadores no Metrô, Trens Metropolitanos (CPTM) e Sabesp nesta semana ajudou a chamar a atenção da população sobre as privatizações que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pretende realizar.

Os Metalúrgicos do ABC, defensores do diálogo franco e aberto com a sociedade, questionam os reais interesses por trás das privatizações. O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, elenca algumas perguntas que ainda estão sem resposta.

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“A quem interessa a privatização? O governo quer simplesmente encher o caixa ou é, de fato, para melhorar o serviço? E se for para melhorar, quais são as ações, qual investimento está sendo feito? E qual o envolvimento da sociedade nisso?”.

Fiscalização

Outra pergunta importante é como se dará a fiscalização. O Sindicato questiona quem irá acompanhar em caso de irregularidades. E lembra a situação recente envolvendo a ENEL, responsável pelo fornecimento de energia elétrica. “A Enel não cumpriu os prazos que foram dados para o reabastecimento de energia após o temporal e ficou por isso mesmo. O debate da privatização no Brasil não é sério. É tratado como uma questão ideológica, tem um discurso de eficiência que na prática não se confirma”.

“No Brasil, as experiências que tivemos de privatização não resultaram em melhores serviços prestados para a população, principalmente pela ausência de órgãos que fiscalizem regularmente. Diferente de quando temos empresas estatais, existe a pressão do povo e das próprias políticas para que se melhore os serviços públicos, que não visam lucro e precisam de investimentos”, enfatizou.

Falta de debate com a sociedade

Wellington reforça ainda a necessidade de um debate amplo e aberto com toda a sociedade. “O governo de São Paulo tem tido um interesse, no mínimo, suspeito ao acelerar o processo de privatização, sem um debate adequado com a população. Até o presente momento, o governo não diz o que fará com o dinheiro arrecadado e como isso vai impactar em melhorias na vida do povo de São Paulo”.

Sabesp

Uma das promessas de campanha de Tarcísio, a privatização da Sabesp também não tem transparência. “Quanto vai aumentar o acesso à água tratada para a população que mais precisa ou quanto isso vai impactar no aumento de esgoto tratado nas cidades onde o saneamento básico não chega?”.

“Não se trata de uma questão ideológica, mas sim de defender um bem essencial à vida, que é a água, e como ela vai chegar às torneiras no estado”, completou.

Metrô e CPTM

Uma recente reportagem publicada pelo Portal UOL denunciou que as linhas privadas ganham 400% a mais, mas transportam menos que Metrô e CPTM. Somente as empresas privadas ViaMobilidade (empresa do grupo CCR, operadora das linhas de trem 8-Diamante e 9-Esmeralda e a linha 5 do metrô) e a ViaQuatro (operadora da linha 4 – Amarela) receberam juntas R$ 2 bilhões de repasses em 2022. Isso para transportar cerca de 500 milhões de passageiros.

Já Metrô e CPTM carregaram mais que o dobro (1,23 bilhão de passageiros transportados), mas ficaram só com R$ 460 milhões no mesmo período.

Além disso, de janeiro de 2022 ao mesmo mês de 2023, foram 132 falhas registradas nas linhas operadas pela ViaMobilidade, uma a cada 2,7 dias de operação. No último ano de operação da CPTM antes da privatização, foram registradas 19 falhas.