Sindicato recebe bisneto de Nelson Mandela em debate sobre juventude e combate ao racismo
O ativista de direitos humanos, Siyabulela Mandela, reforçou o papel-chave da juventude ao longo da história e os desafios para transformar a sociedade
Os Metalúrgicos do ABC receberam o ativista de direitos humanos, Siyabulela Mandela, bisneto de Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, na segunda-feira, dia 21, na Sede, para debater a “Juventude e seu papel transformador”.
O presidente dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, ressaltou o papel da juventude ao longo da história de lutas e citou o exemplo de Lula, que em 1975 assumiu a presidência do Sindicato.
“Era um jovem à frente da luta contra a ditadura militar, pela redemocratização e Diretas Já. Na história recente, a juventude esteve nas ruas contra o golpe na presidenta Dilma. O jovem tem nas veias a coragem de enfrentar e defender o que acreditamos, um país mais justo e fraterno”, afirmou.
“A pauta da juventude tem que estar o tempo todo no Sindicato. Espero que essa visita aprofunde a relação com todos e todas que lutam por uma sociedade melhor agora e para os nossos filhos e netos”, defendeu.
O presidente da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), Loricardo de Oliveira, destacou que a atividade reforçou os laços e a luta conjunta. “Saímos daqui com o propósito de fortalecer ainda mais a solidariedade, temos problemas iguais a enfrentar e a juventude é a esperança para o futuro”, disse.
A atividade foi organizada pela CNM/CUT em conjunto com os Metalúrgicos do ABC. Também participaram da mesa os coordenadores do Coletivo da Juventude Metalúrgica do ABC, Américo José Galvanho Júnior, o Juninho, e da Comissão da Igualdade Racial e Combate ao Racismo do Sindicato, Clayton Willian, o Ronaldinho, além das secretárias de Juventude da CNM/CUT, Amanda Arcanjo Campos, e da Igualdade Racial, Christiane Aparecida dos Santos. A abertura foi feita pelo rapper Preto W.O.
Desafios da juventude
Siyabulela Mandela reforçou o papel-chave da juventude ao longo da história e citou o próprio Nelson Mandela, que começou a luta quando jovem. “Foram os jovens que se levantaram e lutaram contra a escravidão, o colonialismo, o regime do apartheid, pela libertação dos povos”.
E fez uma provocação. “Qual o nosso papel como jovens na transformação da sociedade hoje? Cada geração deve descobrir seu próprio propósito, estamos cumprindo ou traindo esse propósito? A próxima geração vai perguntar: o que fizemos para combater o racismo no nosso tempo? Como permitimos que, em um governo democrático, existam favelas? Desigualdade? Quais respostas vamos oferecer? Poder ao povo”.
Combate ao racismo
“O racismo como sistema de opressão produz desigualdade, tira a dignidade, tira a sua identidade e o força a viver em uma sociedade desigual. Quando andei em Paraisópolis, Santa Catarina, Rio de Janeiro, vi a mesma injustiça que vejo na África do Sul. Porque o racismo produz sempre os mesmos resultados, independente de onde esteja, divididos por um oceano, as nossas experiências com o racismo, infelizmente, permanecem as mesmas. Por esse motivo, venho ao Brasil e chamo os brasileiros de ‘meu povo’, compartilhamos a mesma luta contra as injustiças do racismo”, disse Siyabulela.
ABC
O coordenador do Coletivo da Juventude Metalúrgica do ABC, Américo José Galvanho Júnior, o Juninho, destacou que a juventude é a base de transformação da sociedade. “É a geração que vai atuar no futuro. É preciso muitas políticas públicas que abranjam o acesso à educação, universidades e ao emprego”.
O coordenador da Comissão da Igualdade Racial e Combate ao Racismo do Sindicato, Clayton Willian, o Ronaldinho, lembrou da líder quilombola Bernadete Pacífico e pediu um minuto de silêncio. “Ela foi assassinada a tiros, vítima de uma violência racista. A luta conjunta é por um futuro onde possamos ter uma sociedade mais justa e igualitária”.