Sindicato recebe cônsul-geral adjunto e comitiva da Embaixada da Alemanha
Diretores trataram da nova lei, a Due Diligence, que exige de empresas alemãs que identifiquem riscos aos direitos humanos, trabalhistas e ao meio ambiente em suas cadeias de suprimentos
Em conversa com o cônsul-geral adjunto da Alemanha em São Paulo, Joseph Weiss, e uma comitiva da Embaixada da Alemanha no Brasil, membros da Diretoria Executiva do Sindicato avançaram no debate sobre a estrutura sindical e a nova lei alemã Due Diligence (em português, Diligência Devida), em vigor desde 1° de janeiro deste ano.
O encontro aconteceu na manhã da última sexta-feira, dia 10, primeiro no Sindicato e, em seguida, na Mercedes, em São Bernardo. Acompanharam o cônsul, Hans-Ulrich von Schroeter, do departamento político da Embaixada da Alemanha, e Manfred Brinkmann, adido social da Embaixada.
O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, destacou a importância da visita. “Sabemos do papel fundamental das relações internacionais, já que os trabalhadores vivem ataques no mundo inteiro e devem estar juntos na luta”.
Entre os temas discutidos esteve a nova legislação, que exige que empresas alemãs identifiquem os riscos aos direitos humanos, trabalhistas e ao meio ambiente em suas cadeias de suprimentos e estabeleçam sistemas eficazes de gerenciamento de riscos para fornecedores diretos e indiretos.
O secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT) e CSE na Mercedes, Maicon Michel Vasconcelos da Silva, explicou que na prática, a lei será aplicada, inicialmente, apenas a empresas sediadas na Alemanha e às no exterior com filiais alemãs com mais de 3.000 trabalhadores. A partir de 2024, entrará em vigor em todas as empresas que tenham mais de 1.000 trabalhadores.
“Vou dar um exemplo claro: supomos que seja identificado que uma empresa que fornece pneus à Mercedes tem, lá na extração da borracha, um trabalho precário ou análogo à escravidão ou impede os trabalhadores de se organizarem em sindicatos. Se for feito o mapeamento e descoberto que lá na extração ocorre essas ações citadas, essa empresa pode ser responsabilizada juridicamente na Alemanha”, afirmou.
Segundo o dirigente, essa pode ser uma ferramenta muito útil à classe trabalhadora, principalmente nos países do terceiro mundo onde há na cadeia produtiva várias infrações trabalhistas. “Isso permite que façamos denúncias direto ao governo alemão responsabilizando, inclusive, a empresa que contratou os serviços da mesma, por exemplo. É papel das contratantes da cadeia produtiva garantir em seus acordos que não haja nenhuma dessas violações”.
Desafios
Outro ponto bastante discutido foi o desafio do movimento sindical no governo Lula sobre a industrialização e desindustrialização no país. “Falamos em relação ao impacto à classe trabalhadora e quais são as estratégias que o Sindicato pensa nesse momento para reverter a questão da desindustrialização e garantir não só um patamar melhor ao povo brasileiro, mas uma qualidade na relação capital e trabalho mais avançados do que nós temos”, afirmou o diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva.
“Sobretudo hoje, depois do golpe que ocorreu em 2016 e que trouxe uma reforma Trabalhista totalmente nociva aos trabalhadores e trabalhadoras no país”, concluiu.