Sindicato recebe presidente do Banco Central, cobra redução da taxa Selic e propõe criação de conselho consultivo

Encontro com Gabriel Galípolo foi uma das resoluções da visita do presidente Moisés Selerges à sede da instituição em Brasília em maio. Na ocasião, dirigente entregou pauta da categoria

A partir da esquerda: os prefeitos de Mauá, Marcelo Oliveira, e de São Bernardo, Marcelo Lima; o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, e o presidente do BC, Gabriel Galípolo. Foto: Adonis Guerra

Em um encontro histórico, a Direção Executiva dos Metalúrgicos do ABC recebeu, na última segunda-feira, 9 o presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, na Sede do Sindicato, em São Bernardo. A atividade reuniu também representantes de mais de 20 entidades sindicais da região; o prefeito de Mauá Marcelo Oliveira; e, por São Bernardo, o prefeito Marcelo Lima e a secretária da Fazenda Tatiana Rebucci.

A reunião foi uma das deliberações do encontro realizado em Brasília no dia 28 de maio, quando o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, entregou a Galípolo um documento com as reivindicações da classe trabalhadora. A pauta resulta da manifestação organizada pelos Metalúrgicos do ABC em 14 de março, contra a taxa de juros imposta pelo Banco Central naquele período.

Foto: Adonis Guerra

“Em 60 anos, essa foi a primeira vez que um presidente do Banco Central esteve em um sindicato. Sabemos que, entre as atribuições do BC, está também a questão do emprego, e por isso propusemos a criação de um conselho consultivo formado por trabalhadores, empresários e representantes da academia. A ideia é estabelecer um canal permanente de escuta e diálogo com a sociedade civil organizada”, afirmou Selerges.

Durante o encontro, os dirigentes sindicais reforçaram o impacto negativo da atual taxa básica de juros, a Selic, sobre o emprego e os investimentos produtivos. “Do jeito que está, os juros se tornam um verdadeiro obstáculo ao desenvolvimento. É insustentável. Recebemos o presidente do Banco Central de braços abertos, mas também apresentamos, com firmeza, a pauta dos trabalhadores, e a redução dos juros está no centro dessa agenda”, completou o dirigente.

Escuta

Foto: Adonis Guerra

Segundo Moisés, o presidente do BC demonstrou disposição para escutar e manteve uma postura aberta durante todas as intervenções feitas pelos representantes sindicais. “Saímos com a impressão de que ele tem compromisso com o país e entende o papel que o Banco Central pode cumprir para combater a inflação e, ao mesmo tempo, permitir a queda dos juros”.

Ainda durante a reunião, Moisés destacou que, se o Banco Central já produz o Boletim Focus, com projeções do mercado financeiro, e criou recentemente outro boletim para ouvir empresas e setores da economia real, é fundamental incluir a voz da classe trabalhadora. “Propusemos que haja mais um instrumento de consulta, com participação de sindicatos, empresários e academia, para tornar o BC mais conectado com as necessidades da sociedade”.

Gabriel Galípolo agradeceu a acolhida e afirmou que a experiência foi enriquecedora. “O Banco Central está cada vez mais aberto ao diálogo com a sociedade civil. Hoje foi um dia de grande aprendizado para todos nós, especialmente para mim, por poder ouvir os sindicatos e trocar ideias. Agradeço, em nome do Moisés, o convite feito ao Banco Central. Espero que este seja apenas o primeiro de muitos encontros como este”.