Sindicato recebe visita do padre Júlio Lancellotti e se organiza para acolher pessoas em situação de rua
Além de arrecadar alimentos e agasalhos, Metalúrgicos do ABC vão dar abrigo durante o inverno
No sábado, 11, os Metalúrgicos do ABC, junto ao Movimento Fé e Política ABCDMRR – que reúne representantes de diversas religiões – realizaram na Sede, encontro com o padre Júlio Lancellotti, coordenador da pastoral do Povo de Rua e vigário na paróquia São Miguel Arcanjo em São Paulo. A atividade integra as campanhas de solidariedade do Sindicato de combate ao frio e à fome.
Na ocasião, além da arrecadação de meia tonelada de alimentos e material de higiene, e centenas de peças de agasalhos, o Sindicato se comprometeu a abrir espaço nas dependências da Sede para acolher a população em situação de rua, principalmente no período mais intenso do inverno.
“O momento que atravessamos é muito difícil e precisamos somar forças para enfrentar o que estamos vivendo. Por isso, o Sindicato está se organizando para receber as pessoas em situação de rua que sofrem todos os dias, e esse sofrimento tende a aumentar com e chegada das temperaturas mais baixas. Não basta só denunciar a falta de políticas públicas para os mais pobres, temos que agir”, ressaltou o presidente do Sindicato, Moisés Selerges.
O dirigente lembrou o exemplo dado pelo sindicato dos metalúrgicos de Santo André. “Esperamos que entidades que tiverem condições, assim como fez o Sindicato de Santo André, possam também se estruturar para atender essa população e que não tenhamos mais notícias de pessoas que perderam a vida passando frio nas ruas”.
Discurso alinhado à prática
“Nosso discurso precisa estar em sintonia com a prática, nosso Sindicato sempre apoiou e continuará apoiando os mais vulneráveis. Essa ação resume bem nossa filosofia. Cada dia mais nossa sociedade precisa de bons exemplos, de amor e solidariedade”, reforçou o vice-presidente do Sindicato, Carlos Caramelo.
Contra a aporofobia
O padre Júlio destacou a necessidade de acolher essa parcela da população e lutar contra a hostilidade aos pobres. “Os irmãos e irmãs em situação de rua não são anjos nem demônios, são pessoas. E eles têm muita clareza do que significa a luta contra a aporofobia. Todos nós precisamos nos engajar nessa luta contra a hostilidade às pessoas pobres”.
“Ter misericórdia é ter o coração voltado para os míseros. Por isso a misericórdia não é compreendida nem pela justiça, porque a misericórdia anda muito à frente da justiça e faz muitas coisas que por justiça você não faria”, disse.
“Nós perdemos um conceito importante de bem comum, o bem comum a partir dos mais pobres. Como podemos dizer que temos fé diante de gente deitada na calçada sem ter o que comer e acesso à água potável? Temos que pensar que somos um ser só”, completou.