Sindicato reverte 1500 demissões na Mercedes-Benz
Acordo foi fechado com a empresa após negociação que garantiu aos companheiros o recebimento de seus salários pelos próximos cinco meses
Sérgio Nobre assina documento ao lado do vice-presidente de RH da Mercedes, Fernando Garcia (esquerda), e diretores da montadora. Foto: Raquel Camargo / SMABC
Após muita negociação com a empresa, o Sindicato fechou nesta terça-feira (29) um acordo com a Mercedes-Benz que evita a demissão de 1.500 trabalhadores na planta de São Bernardo.
Estes companheiros continuarão a receber 100% de seus salários líquidos pelos próximos cinco meses e estarão liberados do serviço para se dedicar a sofisticados cursos de formação profissional com, no mínimo, 300 horas de duração.
“Esta é a melhor saída para o momento e só chegamos a ela após utilizar todos os demais mecanismos de preservação do emprego, como licença remunerada, férias normais, coletivas e banco de horas”, afirmou o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre.
A liberação para formação acontece porque houve uma queda acentuada na venda de caminhões devido a mudanças determinadas por lei nos motores dos veículos.
As alterações na motorização protegem o meio ambiente, mas aumentaram os preços dos veículos em 20%, em média, e os combustíveis em quase 10%, prejudicando a venda dos novos produtos.
“Esse acordo é uma oportunidade para que novos contratados, sem experiência em indústria, possam ter uma formação consistente, que será fundamental para sua carreira profissional”, destacou Sérgio Nobre.
Ele lembrou também que o trabalhador desempregado não consome e a queda do consumo afeta toda a produção, potencializando a crise. “Uma solução como essa deixa os trabalhadores mais tranquilos”, salientou o presidente do Sindicato.
Medidas do governo devem reverter a situação
“A liberação para qualificação preserva os empregos e retem a mão de obra experiente até que a produção volte à normalidade”, afirmou Sérgio Nobre.
Ele acredita que o pacote emergencial para o setor automotivo baixado pelo governo federal na semana passada começará a surtir efeitos em toda a economia a partir do segundo semestre deste ano.
Segundo o dirigente, quando isto ocorrer, as vendas de caminhões serão retomadas porque os investidores terão recuperado a confiança na economia.
“O fim dos estoques de Euro 3, as obras da Copa, do PAC, a colheita da safra de grãos e medidas de destravamento do crédito e do financiamento contribuirão para essa recuperação”, conclui o presidente do Sindicato Sérgio Nobre.
Sérgio Nobre e Fernando Garcia seguram acordo que garante emprego de 1500 trabalhadores na montadora.
Foto: Raquel Camargo / SMABC
Entenda o acordo fechado entre Sindicato e empresa
Pelo acordo, os companheiros não precisam ir à fábrica pelo prazo máximo de cinco meses – de 18 de junho a 11 de novembro.
Durante esse período, receberão bolsa mensal do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) no valor de R$ 1.163,00 para freqüentar cursos de qualificação.
Esse valor será complementado pela empresa até compor o total equivalente ao salário líquido de cada trabalhador.
Os trabalhadores frequentarão, durante esse período, no mínimo 300 horas (60h/mês) de curso de qualificação profissional no Senai. A presença no curso de qualificação é condição essencial para receber a bolsa do FAT.
Pelo acordo, os trabalhadores têm preservados todos os seus direitos trabalhistas (férias, 13° salário, reajustes) e benefícios (como plano de saúde) durante a suspensão temporária do contrato de trabalho.
Da Redação