Sindicatos discutem impactos da crise para os trabalhadores na Gerdau

Representantes dos trabalhadores na multinacional brasileira do aço não aceitarão demissões e exigem contrapartidas sociais. Só em 2008, a empresa captou mais de R$ 958 milhões no BNDES e agora fala em demissões

Representantes dos sindicatos metalúrgicos de São Leopoldo (RS), Charqueadas (RS), Simões Filho (BA), Pernambuco, Pindamonhangaba (SP) e da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul (FEM/CUT-RS) se reuniram nesta terça-feira (27) na sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), em São Paulo, para debater os impactos da crise econômica internacional para os trabalhadores na Gerdau.

Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo, Valmir Lodi, os sindicatos não negociarão demissões. “A empresa conquistou altos lucros no último ano e não pode sair demitindo na primeira informação sobre queda na produção.”

O presidente da FEM-RS, Milton Viário, disse que os sindicatos exigem a garantia dos postos de trabalho para qualquer tipo de negociação durante o período da crise. “Caso contrário, a empresa pode se beneficiar para promover a rotatividade e contratar outro trabalhador por um salário menor pouco tempo depois”, afirmou.

A Gerdau teve um faturamento de R$ 36,2 bilhões em 2008, o que significa 44,1% acima do conquistado em 2007 e um lucro líquido que foi 38% superior no mesmo período, além de empréstimos junto ao BNDES  que superaram os R$ 958 milhões no último ano.

Também houve uma redução dos custos das vendas em relação a receita líquida, que proporcionou uma melhora da margem bruta de lucros de 25% para 32,9% no período. Isso se deve à evolução dos preços dos produtos siderúrgicos no mercado internacional, que superaram ligeiramente os custos das principais matérias-primas.

“É uma irresponsabilidade muito grande da Gerdau demitir alguém após um crescimento tão significativo em 2008. Além disso, exigiremos as contrapartidas sociais por conta dos altos valores captados junto ao governo federal por intermédio do BNDES. Não se pode usufruir de dinheiro público de um lado e demitir arbitrariamente do outro”, disse o secretário de Finanças e responsável pelo setor siderúrgico na CNM/CUT, José Wagner de Oliveira.

Os sindicalistas prometem ainda realizar protestos nas plantas da empresa em 11 de fevereiro, quando a CUT organizará o Dia Nacional de Luta. Na data, haverá grandes mobilizações em todo o país.

DA CNM/CUT