Sindicatos exigem transparência da Volks
Eles querem que a empresa formalize oficialmente o número de demissões e o plano de reestruturação.
Só depois que a Volks assumir publicamente o que quer e oficializar sua proposta de reestruturação, é que os sindicatos poderão dialogar com a montadora.
O recado foi dado na última quarta-feira pelos presidentes dos sindicatos de metalúrgicos do ABC, Taubaté, São Carlos e da Grande Curitiba ao responder para a direção da montadora, que acusa as entidades de se negarem à negociação.
Transparência – Os sindicatos reclamam da falta de transparência da Volks. Segundo eles, a empresa chama os representantes dos trabalhadores, fala que vai demitir 5.773 pessoas e apresenta um pesado ataque a diversos direitos.
Já quando fala para a imprensa, a fábrica omite o número de demissões e não informa o que é o seu plano de reestruturação. “Sem que a Volks coloque no papel, e timbrado, não há o que dialogar. Só com oficialização das propostas”, avisou o presidente do nosso Sindicato, José Lopez Feijóo. Mesmo assim, ele adverte que esse diálogo não passa pela pauta da fábrica.
Na reunião com sindicalistas, pela primeira vez a Volkswagen confirmou que a reestruturação atingirá a fábrica de São Carlos.
Bndes – Os sindicatos também solicitaram ontem uma reunião de urgência com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico de Social (Bndes) para discutir o caso Volks.
Eles vão pedir a suspensão do empréstimo de R$ 500 milhões que o banco liberou à montadora neste ano. “Não é correto o banco emprestar para quem quer demitir”, comentou Feijóo.
Senai – Outra bronca dos sindicatos é que pela primeira vez em 40 anos a Volks não irá contratar os garotos formados pelo Senai. “É um investimento de muito tempo na formação de um jovem que agora será descartado”, protestou o presidente do Sindicato.
Solidariedade – O presidente do IG Metall (sindicato dos metalúrgicos da Alemanha), Jurgen Peters, manifestou solidariedade à luta pela emprego dos companheiros nas plantas brasileiras.
Em nota, ele afirma que o seu sindicato apela à direção da montadora que adote soluções inovadoras e alternativas às demissões e que a Volks retome sua postura social e à filosofia de negociação para resolver o conflito.
Volks pode ter colaborado com PM
Os sindicatos anunciaram que irão enviar relatório à Secretaria de Direitos Humanos do governo federal e para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrando indícios de que a segurança da fábrica de Taubaté teria colaborado com a Polícia Militar na prisão de dois trabalhadores.
Na paralisação de 24 horas do dia 31, um dirigente do sindicato e um militante foram presos durante ato na via Dutra.
Os dois já haviam sido dispensados da delegacia, mas a ordem de prisão veio depois do depoimento de dois supervisores de segurança da fábrica.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Valmir Marques, o Biro Biro, a Volks pode ter entregado listas com os nomes de representantes de trabalhadores para a polícia e órgãos de segurança da cidade. “Achávamos que a prisão seria em decorrência do ato, mas alguns indícios indicam a possibilidade da Volks ter influenciado na prisão deles”, disse Biro Biro.
Os dois companheiros ficaram um semana na prisão.