Sindicatos gregos prometem protesto contra cortes

Os sindicatos majoritários gregos, que representam dois milhões de trabalhadores, se preparam para responder com protestos as novas medidas de cortes, fechamento de empresas, demissões e mais impostos.

“Estão bebendo nosso sangue com os impostos adicionais e o Governo continua com seu ataque aos trabalhadores”, declarou à Agência Efe Stathis Anestis, porta-voz da Confederação de Trabalhadores da Grécia. Esse sindicato representa 1,5 milhão de trabalhadores do setor privado e das empresas semi-estatais, estas últimas com 100 mil trabalhadores, enquanto a população ativa atual da Grécia é de 4,2 milhões de pessoas.

Por sua parte, Ilias Iliopulos, porta-voz da Confederação de Funcionários Públicos, denunciou à Efe que “uma grande parte das medidas são ilegais e anticonstitucionais”. “Estamos em consultas com assessores legais para defender os funcionários”, afirmou.

O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, disse na quarta-feira em uma teleconferência com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, que implementará em sua totalidade um programa de austeridade, reformas e privatizações para arrecadar 78 bilhões de euros até 2015.

Essas medidas afetam empresas e organismos estatais e semi-estatais. Até o momento, o Ministério enviou duas circulares para que 500 organismos reduzam 10% de seu quadro de empregados. “No pior dos casos, a medida pode pôr em perigo o trabalho de 30 mil funcionários nas empresas semi-estatais”, disse Anestis, mas sem comentar quantos trabalhadores serão afetados em outros setores da administração pública.

“Além disso, com o aumento de impostos, a situação se tornará explosiva e fora de controle já que as medidas devem extenuar a receita e aumentar o desemprego”, acrescentou o sindicalista. Efetivamente, a autoridade oficial de estatísticas informou nesta quinta-feira em Atenas que o desemprego no segundo trimestre de 2011 atingiu 16,3% da população ativa, 813 mil pessoas, um recorde nos últimos 13 anos, afetando majoritariamente os jovens.

Segundo os sindicatos, a expectativa é que o desemprego supere a taxa de 20%, com uma contração da economia que superará 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, em recessão pelo terceiro ano consecutivo, sendo o setor da construção o mais afetado.

Além disso, um novo imposto extraordinário sobre propriedade imobiliária para todos os cidadãos entrará em vigor em outubro por um prazo de dois anos para ajudar a tapar o buraco do orçamento em 2011 de 1,7 bilhão de euros. “Esta medida será o golpe decisivo para a construção”, comentou à Efe um sindicalista.

“O Governo deveria implementar uma política diferente, e especialmente, frear a evasão de pagamentos de impostos que supera 40% do PIB”, ressaltou Anestis. Por sua vez, o ministro das Finanças da Grécia, Vangelis Venizelos, reiterou nesta quinta-feira em Atenas que 2012 também será um ano de recessão. “O povo grego deve compreender que está pagando o preço de uma recessão consecutiva de três anos, que passará a ser de quatro anos”, disse Venizelos perante o comitê de finanças parlamentar.

Em outubro, o Governo de Papandreou vai aplicar imediatos cortes salariais aos funcionários, que em alguns casos pode significar uma redução de 40% da receita mensal em um período de 20 meses. Um grupo de 300 surdos-mudos se concentrou nesta quinta-feira em frente ao Ministério das Finanças para protestar pela ordem do Governo de suprimir a partir de outubro uma subvenção mensal para pagar as despesas de intérpretes em trâmites judiciais.

Outro grupo de uma centena de empregados de um canal estatal de televisão (“ET1”) protestava perante o Parlamento em Atenas contra um projeto de lei para fechar a emissora, que não tem mais de 1% de audiência, e fundirá o resto dos serviços, com a meta de reduzir o quadro de empregados em 50%.

Da EFE