Sindicatos são vitais para recuperar a região do ABC

A reestruturação selvagem, a abertura econômica acelerada, a guerra fiscal, os juros altos e as políticas governamentais erradas foram as principais causas da crise que se abateu sobre o ABC nos anos 90.

Diferente do que os setores conservadores afirmam, a ação dos sindicatos não contribuiu com essa crise. Ao contrário, foi um meio de reverter um desastre. Essa é a idéia central da tese de doutoramento que o economista Jefferson José da Conceição defende amanhã na USP.

Reestruturação selvagem quase faliu a região

Ao contrário do que os setores conservadores afirmam, a combatividade dos sindicatos do ABC não foi a causadora da forte crise que abalou a região durante a década de 1990. A responsável pelos problemas daqueles anos foi a maneira selvagem como as empresas fizeram a reestruturação produtiva.

Os sindicatos, principalmente o dos Metalúrgicos do ABC, na verdade procuraram alternativas para superar a crise através da elaboração de projetos junto aos setores públicos e a negociação até à exaustão com as empresas.

Os resultados destas iniciativas começam a aparecer agora, com a retomada da recuperação econômica da região e o crescimento de 16% no emprego metalúrgico nos últimos anos.

Este é o centro de Quando o apito das fábricas silencia, tese de doutorado em Sociologia, sob a orientação de Iram Jácome Rodrigues que o economista Jefferson José da Conceição, da Subseção do Dieese na CUT Nacional, defende amanhã, na USP.

Pesquisa – Elaborada com depoimentos de sindicalistas, integrantes do poder público e empresários, com dados recolhidos na Tribuna Metalúrgica, a tese defende que foram a abertura econômica acelerada, a guerra fiscal, os juros altos, as políticas governamentais erradas e a introdução de novas práticas de gerenciamento que colocaram em xeque o modelo de produção então existente.

O resultado disso tudo foi desastroso. Milhares de trabalhadores demitidos, centenas de empresas fechadas, dezenas de fábricas deixando a região e outras sendo absorvidas.

“Antes da reestruturação, existiam 700 trabalhadores, em média, por fábrica”, lembra Jefferson, que na época acompanhou todo o processo na Subseção Dieese do Sindicato. “A partir de 1990 este número começou a cair absurdamente”, denuncia.

Trabalhadores foram à luta

Segundo o economista, no momento de maior desespero para os trabalhadores, nosso Sindicato passou a usar a forte liderança que exerce no ABC e começou a articular com os poderes públicos e o empresariado a busca de soluções negociadas para a crise.

Destas conversas surgiram acordos, propostas e iniciativas para tirar a região da estagnação econômica. Entre outros, Jefferson cita a Câmara Setorial, o Acordo Emergencial, o Plano de Renovação da Frota, o Fórum de Desenvolvimento, a Câmara Regional e a Agência de Desenvolvimento Econômico.

“Toda essa agitação criativa começa a dar resultados, principalmente depois que mudou a orientação da política econômica com a eleição do presidente Lula”, frisa o economista.