Sindicatos sul-africanos fazem mobilizações em apoio aos mineiros do México

Durante "Dia Nacional de Ação", em 28 de junho, trabalhadores se mobilizarão contra o regime que desencadeou uma série de ataques contra os trabalhadores e sindicatos mexicanos

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Os sindicatos sul-africanos foram uma das principais
forças que combateram o regime do apartheid

O Congresso de Sindicatos da África do Sul (Cosatu), que reúne trabalhadores nos ramos da mineração, transporte, eletricidade, papel, madeira, pintura e metalurgia, anunciaram na terça-feira (15) que, de maneira paralela à Copa do Mundo, realizarão mobilizações contra o governo do México, que atua de maneira “fascista e contra-revolucionária”, desencadeando uma série de ataques contra os trabalhadores e sindicatos mexicanos.

Durante coletiva de imprensa, os representantes do Cosatu anunciaram que foi declarado o “Dia Nacional de Ação” que acontecerá em 28 de junho, data em que convocarão trabalhadores e a sociedade em geral a manifestar-se em frente a embaixada do México, localizada em Pretória, para solidarizar-se com os trabalhadores mexicanos, assim como a população marginalizada.

De acordo com os organizadores, como parte das ações que acontecerão antes do dia da marcha, eles se pronunciarão publicamente nos dois próximos jogos da seleção mexicana, nas cidades de Polokwane (17 de junho) e Rustemburgo (22 de junho).

Informaram que do lado de fora dos estádios, farão gritos de apoio, levarão cartazes e distribuirão cerca de 10 mil panfletos para informar a população os motivos do protesto.

“Consideramos que nos dias dos jogos, seremos acompanhados por volta de 2 a 3 mil trabalhadores que trabalham nas imediações destas cidades e alguns outros que virão desde Joanesburgo com a intenção de protestar do lado de fora dos estádios, já que haverá uma grande quantidade de gente concentrada nestes lugares”, assegurou Oupa Komane, secretário-geral do Sindicato Nacional Metalúrgico da África do Sul (Numsa).

Os sindicatos sul-africanos foram uma das principais forças opositoras que combateram o regime do apartheid e seguem sendo uma força social extremamente poderosa.

O Cosatu também está exigindo um aumento de 18% sobre os salários dos 16 mil trabalhadores na companhia Eskom, que administra a energia elétrica no país. Se os eletricistas cumprirem com a ameaça de greve, a Copa pode ser afetada com apagões.

Os líderes sindicais declararam que não se trata de sabotagem à Copa e nem uma forma de molestar as pessoas, mas simplesmente que se os jogadores de futebol também pertencem a um sindicato de trabalhadores do esporte, o evento deve ser utilizado para mobilizar a sociedade para que seja fomentada a solidariedade, a paz e a amizade entre a população mundial.

“O que queremos fazer é mandar uma mensagem de que não estamos de acordo com a repressão e brutalidade com que têm sido tratados os mineiros mexicanos. Nos solidarizamos com os trabalhadores porque eles têm sofrido uma perseguição contínua do governo fascista do México. Na embaixada, vamos entregar um memorando com nossas reivindicações”, adiantou Komane.

Os líderes sindicais demandaram ao governo mexicano que tome providências imediatas nas seguintes ações:

1 – Reconhecer a Napoleón Gómez Urrutia como o secretário-geral democraticamente eleito do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Mineiros, Metalúrgicos e Similares da República Mexicana.

2 – Que retire todas as acusações falsas de corrupção que foram levantadas contra Napoleón Gómez Urrutia e outros líderes sindicais.

3 – Que devolva de imediato todas as contas do sindicato que foram congeladas, assim como os bens que foram apreendidos em 2006 e 2008, respectivamente.

4 – Que restituam aos trabalhadores o direito para organizar ações de greve.

5 – A liberação incondicional de todos os líderes sindicais e ativistas que adoecem nas prisões.

6 – Que o regime fascista detenha as perseguições e torturas contínuas aos ativistas dos sindicatos mexicanos.

De acordo com os líderes, estas mobilizações não acontecerão apenas na África do Sul, mas sim em nível internacional em países como Canadá e Estados Unidos.

“Todos estamos unidos para protestar contra o governo fascista e contra-revolucionário do México. Vamos entregar na embaixada nossa pauta de reivindicações, esperando que elas sejam cumpridas”, pontuou Carl Cloete, secretário-geral do Numsa.