Sindlab: sindicalistas concluem no ABC 1º Módulo de Projeto

A metodologia utilizada é baseada na pedagogia de Paulo Freire e possibilita a participação de todos e trata a vivência as diferentes trajetórias de vida como conhecimento

Trabalhadores metalúrgicos do Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Espanha participaram do primeiro módulo do “Projeto de Formação de Trabalhadores e Trabalhadoras do Setor Industrial para Negociação Coletiva no Marco da Globalização” entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro, em São Bernardo do Campo (SP).

O projeto faz parte do Laboratório Industrial Sindical Mercosul-União Europeia, concebido entre 2002 e 2003, envolve entidades sindicais da Argentina (CTA-Fetia), Chile (Constramet), Brasil (CNM/CUT), Uruguai (UNTMRA) e Espanha (Fed. Ind. de CC.OO) e tem o objetivo de aumentar o grau de conhecimento dos processos de concentração, reestruturação e de políticas públicas e privadas que afetam os setores produtivos.

No primeiro dia, os representantes do CC.OO, José Inácio, e Paulo Cayres, pela CNM/CUT, fizeram a abertura oficial do encontro, enquanto o secretário de Relações Internacionais da Confederação, Valter Sanches, apresentou o projeto com histórico da primeira fase, os objetivos e o calendário da segunda fase. Ao todo, o projeto será concluído ao longo de três anos, com seis encontros: dois no Brasil e um no Chile, Argentina, Espanha e Uruguai.

Em seguida foi elaborado coletivamente o perfil do grupo, formado por sindicalistas representantes do ramo metalúrgico de cada país, em sua maioria os estrangeiros e dirigentes de representatividade nacional em seus países. Já os brasileiros são dirigentes de sindicatos dos Estados de Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte. A idade dos membros do grupo varia bastante, mesclando novos e experientes dirigentes, com tempo de militância sindical variando entre três e 27 anos.

“As diversidade do grupo contribuiu muito para a troca de experiência de organização sindical. Foi compartilhada a realidade de cada país, e as diferenças entre elas foram também instrumentos de formação”, disse o novo secretário-geral da CNM/CUT, João Cayres.

Para a secretária de Formação da Confederação, Michele Ida Ciciliato, o encontro representou mais um passo para Política de Nacional de Formação. “Foram escolhidos dirigentes de base que fizeram parte dos cursos de Formação de Formadores. Então esta atividade tornou-se também um curso de “especialização” para os formadores”, afirmou.

Participaram como professores convidados, os companheiros Kjeld Jakobsen, ex-secretário de Relações Internacionais da CUT, Dr. Carlos Ruiz, Professor da Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Dr. Anselmo Luis do Santos, Professor e Pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho. “Os professores contribuíram para a percepção por parte dos sindicalistas sobre o processo de Globalização e seus efeitos para o mundo do Trabalho”, declarou a assessora da CNM/CUT, Maria de Lourdes Tieme, “Dilu”.

Com o conceito de combinar teoria e prática, o curso proporcionou ao grupo uma visita à planta da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, e realizou um debate com a Comissão de Fábrica na empresa. Neste espaço foram abordadas as transformações na organização da produção em multinacionais e as possibilidades de organização dos trabalhadores frente a estes processos.

Também foram abordados no conjunto do curso conceitos como a transnacionalização da produção, neoliberalismo, interdependência econômica, o papel do Estado e dos movimentos sindicais e sociais na superação da globalização neoliberal. Como resultado, o grupo sistematizou conhecimentos e conceitos já adquiridos na militância sindical. Foram discutidas ações práticas que as Confederações possam realizar como forma de organizar os trabalhadores transnacionalmente.

Durante a avaliação final, foi destacada a metodologia utilizada que é baseada na pedagogia de Paulo Freire, que possibilita a participação de todos e trata a vivência as diferentes trajetórias de vida como conhecimento.

“Além disso, os espaços formativos como este curso possibilitam um novo patamar de organização dos trabalhadores, gerando uma nova internacionalização da luta sindical”, concluiu Michele Ciciliato.

Da CNM/CUT