Sistema de Cotas leva filho de metalúrgico à universidade


Bruno, universitário da UFABC, e o pai Tião. Foto: Raquel Camargo / SMABC

“O filho do pobre poderá se formar engenheiro, médico, advogado, estudando em uma universidade pública”. Quando o ex-presidente Lula fez esta afirmação, muita gente falou que não passava de um sonho.

Mas o que parecia um sonho no discurso tornou-se realidade para Bruno Eduardo da Costa Lima, filho do metalúrgico Sebastião Gomes de Lima, o Tião, coordenador do CSE na Arteb.

Bruno, de 19 anos, cursa o segundo ano de Ciência e Tecnologia na Universidade Federal do ABC (UFABC), com intenção de especializar-se em Engenharia de Instrumentação, Automação e Robótica.

Ele é um dos 596 alunos que ingressaram na UFABC pelo Sistema de Cotas Raciais e Sociais nos últimos dois anos. A Federal destina 50% das vagas para estudantes de escolas públicas, afrodescendentes e indígenas.

“Vejo um futuro brilhante para o Bruno. Com a oportunidade de estudar, ele poderá disputar o mercado de trabalho, com grandes chances de ter um emprego com boa remuneração”, disse Tião. 

O metalúrgico afirmou que não teria condições financeiras de pagar o mesmo curso para seu filho em uma instituição privada, onde a mensalidade gira em torno de R$ 2 mil.

“Este é um dos motivos porque apoio o sistema de cotas”, prossegue Tião. “Ele é uma forma de reparar a exclusão social imposta aos negros por séculos neste País”, continua.

Bruno, que sempre frequentou escolas públicas, tem a mesma opinião do pai sobre o acesso às universidades públicas no País. “A maioria dos alunos estudou em escolas particulares”, destaca.


Daniel Calazans. Foto: Rossana Lana / SMABC

O Sindicato na luta pelo acesso ao ensino superior
Devido ao importante papel que o Sindicato desenvolve na luta pela democratização do acesso à universidade pública, a decisão do Superior Tribunal Federal (STF) de legalizar as cotas no ensino superior foi comemorada pela Comissão de Igualdade Racial do Sindicato.

“O movimento negro está de parabéns por essa vitória, que é fruto de uma longa luta para a implantação de políticas afirmativas”, disse o coordenador da Comissão, Daniel Bispo Calazans.

“Com esta decisão, o STF confirma as cotas e outras ações reparadoras”, afirmou Calazans, que também é diretor executivo do Sindicato e do CSE na Scania.

O dirigente lembrou, ainda, da importante parceria que o Sindicato mantém com a Educafro, entidade de ensino que oferece bolsas de estudo em cursos pré-vestibulares para estudantes negros e carentes.

Para o diretor-executivo da Educafro, frei David Santos, que há 30 anos está na mesma luta, as cotas são apenas o início de um diálogo com a sociedade.

“Nenhum país do mundo que adotou a escravidão por um período tão longo como o Brasil conseguiu corrigir as injustiças históricas sem atos de reparação”, salientou rei David.

Da Redação