Sistema financeiro nacional fecha as portas para o crédito
(Foto: Adonis Guerra)
Na contramão do que seria necessário para a economia e o setor produtivo em um momento de recessão, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, fechou 2016 com o menor volume de empréstimos desde 2007. Os financiamentos às empresas brasileiras tiveram queda de 35% em relação ao ano anterior. Os créditos para projetos de infraestrutura caíram 53%, para indústria houve um recuo de 18% e para comércio e serviços, 40%.
A redução é a maior da série histórica do banco iniciada em 1995, e seria ainda superior se descontada a inflação. Uma das justificativas é que o BNDES além de não receber mais recursos do Tesouro Nacional, como parte do ajuste fiscal em curso no País, teve que devolver R$ 100 bilhões à União.
“A crise leva a ter menos procura por parte das empresas, mas o sistema financeiro nacional fechou as portas para o crédito, para o pequeno e o médio consumidor e para os investidores. Os números negativos da indústria, em parte, se devem ao bloqueio que o setor empreendedor encontrou, especialmente no BNDES”, criticou o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.
Para ele, a política deveria ser inversa. “Uma forma de reduzir a crise é com muita força dos instrumentos de fazer política anticíclica e o BNDES é um desses instrumentos. O papel do banco é muito maior do que esse grupo que dirige hoje o País”.
Rafael lembrou ainda que o BNDES não tem exigido mais contrapartidas de produção local, o que, segundo ele, não faz sentido.
Documento ao BNDES
O Sindicato elabora, em conjunto a outras entidades sindicais de trabalhadores, um documento para ser enviado ao Banco de Desenvolvimento, com o objetivo de aprofundar as discussões em torno de algumas questões, como a exigência de conteúdo local, entre outros.
O material foi produzido após ato realizado em novembro do ano passado, em frente à sede do BNDES, na cidade de São Paulo, em defesa do conteúdo local e pela geração de empregos e o crescimento do Brasil.
Confira três dos principais tópicos que integram o texto:
CONTEÚDO LOCAL
Desenvolver, em conjunto com o movimento sindical e representações empresariais, uma política de metas de elevação do conteúdo local em setores de grande peso na geração de tecnologias e empregos, bem como nos gastos da Balança Comercial Brasileira.
CAMPANHA DE VALORIZAÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Constituir campanha de valorização da indústria nacional, de forma a destacar o seu papel no desenvolvimento, na expansão do mercado interno e nas exportações, na geração de emprego e renda e nas inovações tecnológicas.
BNDES NO ESTADO DE SÃO PAULO
Reforçar a estrutura do Posto do BNDES no Estado, com técnicos que fortaleçam os relacionamentos com a indústria local, de modo que o Posto possa desenvolver grandes diagnósticos e promover elevados investimentos, considerando as especificidades e as potencialidades industriais, por se tratar da região brasileira com maior pujança no desenvolvimento no País.
Da Redação