“Só estou pedindo para a Mercedes abrir as portas de novo para mim”, diz trabalhador
Companheiros em ato ecumênico no acampamento. No destaque, os presidentes dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres; da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, Paulo Cayres, o Paulão; e dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques
Hoje o acampamento dos trabalhadores na Mercedes, em São Bernardo, completa nove dias e os 300 companheiros que se revezam em vários turnos mantém a disposição de luta pelo Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, contra as 500 demissões anunciadas pela montadora em maio. Na ocasião, a fábrica oficializou a atitude por meio de telegramas.
O protesto é por tempo indeterminado e acontece na praça do cruzamento entre a Av. 31 de Março, Av. Lions e o Corredor ABD, na Pauliceia.
Segundo o coordenador geral do CSE na fábrica, Ângelo Máximo Pinho, o Max, as mobilizações avançam a cada dia, inclusive com um ato ecumênico no domingo, dia 14, com a participação dos trabalhadores demitidos; familiares; do deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho; e a presença do padre da Paróquia Nossa Senhora da Aparecida, José Antônio Roldan Aranaz; e Igreja Evangélica Além do Véu, Osvaldo Oliveira, ambos em São Bernardo.
“Dirigentes sindicais e autoridades na região já prestaram solidariedade”, disse Max.
Ontem, dirigentes da UAW, o sindicato dos trabalhadores da indústria automotiva dos Estados Unidos, estiveram no acampamento. Na última sexta, dia 12, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Miguel Torres, também declarou total apoio aos companheiros no ABC.
“Não vamos aceitar demissões. Existem alternativas e estaremos juntos no que precisar. O trabalhador desempregado aumenta a crise e vira uma bola de neve. O que importa é manter o emprego”, destacou.
Para o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, a vinda do companheiro Miguel Torres simboliza acordos de entendimento entre as centrais. “É fundamental a união em defesa do Programa de Proteção ao Emprego. Foi a união das centrais que destravou a discussão do PPE, que será um instrumento importante nesta luta”, lembrou Rafael.
Em retribuição, cerca de dez trabalhadores acampados em frente à Mercedes participaram ontem pela manhã de assembleia pelo emprego, organizada pelos metalúrgicos de São Paulo, na empresa Elgin, em Mogi das Cruzes.
A luta continua!
“Eu faço questão de marcar presença no acampamento porque eu tenho esperança em conseguir meu emprego de volta. Todo o meu salário vai para a educação do meu filho mais velho, que é autista, e depende exclusivamente da minha renda para continuar na escola especial. Como mãe, busco todas as forças possíveis pela minha família para continuar lutando, mas isso a Mercedes não quer saber.”
Marta Rodrigues de Oliveira, montagem de caminhão
“Eu não vejo outro horizonte a não ser acreditar na vitória. A nossa esperança é que o governo anuncie o quanto antes o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, que vai nos ajudar a negociar com a montadora. As pessoas nos veem acampados e nos chamam de vagabundos, mas esquecem que estamos aqui justamente em protesto pela reversão das demissões. Só estou pedindo para a fábrica abrir as portas de novo para mim.”
Diogo Anelli Calça, montagem cabina
Da Redação