Sob pressão dos trabalhadores, câmara dos deputados adia votação do PL 4.330

Após pressão dos metalúr­gicos do ABC e trabalhadores de todo o País, a Câmara dos Deputados adiou para a pró­xima quarta, dia 22, a votação das emendas ao Projeto de Lei 4.330, que precariza as relações de trabalho de forma indiscriminada, até mesmo nas atividades-fim.

“Esse recuo é uma grande vitória dos trabalhadores”, de­clarou o diretor executivo do Sindicato, Alexandre Colombo (foto). “Se o PL 4.330, do jeito que está redigido, seguir adiante e for aprovado pelos senadores, acabou a CLT”, prosseguiu.

Para o dirigente, o projeto sig­nifica a destruição dos direitos trabalhistas. “Não é possível que a sociedade compre uma ideia como essa. Não é a primeira vez que tentam triturar as re­lações de trabalho no Brasil. Terceirizar é precarizar, é trocar o emprego pelo aumento da margem de lucro dos patrões. Por isso, continuaremos nas ruas”, afirmou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou um acordo, na sessão desta quarta, dia 15, depois que líderes dos partidos manifestaram pre­ocupação com a repercussão negativa após protestos em vários Estados.

Os pontos polêmicos po­dem ser votados somente na próxima semana. A decisão, porém, não é garantida, já que a definição dos parlamentares sobre a medida provisória 665, que altera as regras para acesso ao seguro-desemprego, poderá trancar a pauta.

Como já era visível durante o Dia Nacional de Paralisação contra o PL 4.330, quanto mais conhecem o projeto, mais parlamentares mudam de lado e, diante da pressão nas ruas, nas bases eleitorais e nas redes sociais, temem ter o nome atrelado a um texto que rasga a CLT e acaba com direitos da classe trabalhadora.

“O que tem de ficar claro ao trabalhador é que o que está em jogo não é regulamentar a situação dos terceiros, mas sim precarizar a dos trabalhadores diretos. O Brasil tem cerca de 45 milhões de trabalhadores formais, contratados de forma direta e pela CLT, dos quais 12 milhões hoje são terceirizados, segundo o Dieese. E ganhando menos, trabalhando mais, de forma precária e maior rotati­vidade”, explicou Colombo.

“O que os deputados que re­presentam os empresários e o poder econômico deste País querem é terceirizar os demais, cerca de 33 milhões de traba­lhadores, simplesmente para ampliar seus lucros”, concluiu o dirigente.

Da Redação