Sob protestos, Estado norte-americano vota lei que proíbe negociações trabalhistas
O estado norte-americano de Wisconsin deve votar na tarde desta quarta-feira (23/2) um projeto de lei que pretende proibir negociações coletivas entre os funcionários públicos. Segundo o governador Scott Walker, do Partido Republicano, o objetivo é diminuir o déficit fiscal estadual de 137 milhões de dólares.
Para tentar barrar a medida, cerca de 70 mil manifestantes ocuparam o centro da capital de Wisconsin, Madison, de acordo com o jornal Houston Chronicle. Os protestos começaram há duas semanas.
Diante da polêmica, Walker afirmou ontem que, se a lei não for aprovada, 1500 postos de trabalho serão suprimidos. Ele acrescentou que os trabalhadores que estão faltando como forma de protestos podem começar a receber notificações de demissão já na próxima semana.
O principal motivo dos protestos é a intenção de retirar dos sindicatos dos trabalhadores públicos o direito de discutir condições de trabalho e benefícios. Se a lei for aprovada, os sindicalistas de Wisconsin – estado pioneiro na adoção de direitos trabalhistas – também terão que aumentar suas contribuições para o sistema de pensões e de seguro médico, aliviando assim as despesas estatais. A medida permitiria poupar cerca de 150 milhões de dólares por ano.
Walker foi eleito governador em novembro do ano passado, com apoio do movimento conservador Tea Party e dos sindicatos dos policiais e bombeiros. Essas duas categorias não estão incluídas no projeto de lei.
No Legislativo de Wisconsin, a maioria é republicana, mas os deputados democratas optaram por não estarem presentes na votação, numa tentativa de não formar o quórum necessário para aprovar a lei.
Além de Wisconsin, houve manifestações em outros estados como Ohio, “em apoio aos trabalhadores ameaçados em Wisconsin” e para afastar a possibilidade de serem discutidos projetos similares em outros locais.
A iniciativa do governo de Wisconsin divide opiniões. Enquanto os trabalhadores tentam evitar sua aprovação, argumentar ser um pretexto para tirar “os direitos trabalhistas”, o Tea Party realizou uma marcha em respaldo à medida, alegando ser necessária para enfrentar o déficit fiscal.
Na avaliação do Nobel da Economia Paul Krugman, colunista do jornal local The New York Times, a proposta de Walker é um “sério ataque contra direitos democráticos conquistados nos últimos 50 anos”. “O que está a acontecer no Wisconsin é o fim do processo democrático”, escreveu Krugman.
Do Opera Mundi