Sobram vagas na construção civil
Salários baixos têm afastado trabalhadores que buscam melhores condições de trabalho
Estão sobrando vagas de emprego nos canteiros de obra do ABCD para profissionais qualificados. Apesar de o setor estar aquecido – de janeiro a setembro deste ano a construção civil gerou 5.242 postos de trabalho na Região –, os salários baixos pagos pelas empresas contribuem cada vez mais para a migração dos trabalhadores para setores que oferecem remuneração maior, como o metalúrgico, e intensificam a escassez de mão-de-obra.
Para o presidente do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção e do Mobiliário de São Bernardo e Diadema), Claodeonor Neves da Silva, com o aumento das oportunidades de trabalho em diversos setores econômicos, os trabalhadores passaram a priorizar a estabilidade financeira. “Os profissionais buscam o emprego fixo, melhores condições de trabalho e a oportunidade de crescer dentro das empresas”, destacou.
Neves indica ainda que a migração de trabalhadores de outras regiões para as capitais do País desacelerou. “As pessoas passaram a atuar em obras nas suas próprias regiões e, com isso, as cidades grandes passaram a sentir falta do excedente de mão-de-obra que, até então, sempre estava presente”, afirmou.
Empresários – Pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta que 80% das grandes construtoras do País reclamam da falta de qualificação dos trabalhadores.
De acordo com o vice-presidente de relações capital e trabalho do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Haruo Ishikawa, há dificuldades de encontrar, principalmente, eletricistas, pedreiros, azulejistas, armadores, carpinteiros e pintores na Região. “Uma das alternativas é realizar treinamentos diretamente nas obras, para que possam ser formados novos profissionais”, disse.
O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Paulo Safady Simão, aponta que a maior parte dos trabalhadores qualificados está atuando nas obras do Minha Casa, Minha Vida, da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. “Estamos com uma avalanche de obras pelo País e a reserva de profissionais acabou se esgotando. Uma das opções adotadas pelas empresas são os programas de capacitação para o público feminino suprir a escassez. Outra possibilidade estudada é buscar mão- de-obra na Colômbia, Bolívia e Peru”, afirmou.
Mulheres querem chance no canteiro de obras – Para suprir as vagas oferecidas pela construção civil no ABCD, as prefeituras adotaram programas de qualificação para futuros profissionais. Com o programa “Mulheres Construindo Autonomia”, a Prefeitura de São Bernardo capacitará cerca de 150 mulheres para atuar nas funções de pedreira e pintora até o fim deste mês.
A aluna Selma Souza já atuava na área de pintura e entrou no curso para aperfeiçoar seus conhecimentos na área de acabamento e assentamento de azulejos. “É uma área que não falta serviço, todo dia tem uma obra nascendo. Acredito que as empreiteiras logo mais vão passar a contratar as mulheres”, indicou.
Já a ex-secretária Georgina Aparecida entrou no programa para finalizar o acabamento da sua casa. “Nunca pensei em atuar nessa área, mas se aparecer uma boa oportunidade para trabalhar no ramo vou agarrar a chance”, disse. A Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania) informou que uma empresa já manifestou o desejo de contratar 10 mulheres para trabalharem como ajudantes.
Do ABCD Maior