Sociedade unida pela derrubada de juros

"Movimento é por emprego e produção", diz Sérgio Nobre


Trabalhadores, empresários e economistas juntos no Ato. Fotos: Rossana Lana / SMABC

As principais entidades representativas dos trabalhadores e dos empresários do País e as universidades se uniram nesta terça-feira em manifestação em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, em São Paulo, para exigir o fortalecimento da produção industrial a partir da redução das taxas de juros.

Antes do ato, as entidades realizaram uma caminhada pelas ruas centrais de São Paulo para lançar o Movimento por um Brasil com Juros Baixos.

Os manifestantes destacaram que os altos juros pagos ao capital especulativo impedem um maior crescimento do País, com mais produção, emprego, benefícios sociais e distribuição de renda.

“Este Movimento é o desdobramento de dois eventos, o seminário contra a desindustrialização do País e a marcha dos 30 mil metalúrgicos na Via Anchieta pela produção industrial e emprego”, comentou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato.

Segundo ele, as duas manifestações tiveram grande repercussão no País, resultando no aumento do IPI para carros importados e a participação dos trabalhadores na definição da política industrial.

“Agora estamos nos unindo contra a especulação. Cada 1% de queda nos juros são 15 bilhões de reais a mais para a economia. Por isso, o movimento interessa a todos que sonham com justiça social”, prosseguiu.

O dirigente concluiu dizendo que o Movimento interessa a todos que querem ver o Brasil campeão do crescimento e não dos juros altos.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp, destacou que essa ação conjunta entre trabalhadores e empresários formou um Movimento pelo bem do Brasil. “Neste ano o governo vai pagar R$ 240 bilhões com juros da dívida. Muito mais que os 70 bilhões destinados à saúde e os 60 bilhões destinados à educação”, explicou.

Para ele, este é o começo de um grande movimento para combater tudo aquilo que tira a competitividade das empresas.


Passeata seguiu pela Avenida Paulista

O economista Márcio Pochmann, diretor do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), disse que, tecnicamente, não há justificativa para juros tão elevados.

Ele disse que os juros altos impõem ao Brasil um vôo de galinha em seu desenvolvimento. “O medo do Banco Central ousar impede taxas de juros civilizadas. Se não reduzirmos os juros, o Brasil pode não crescer no próximo ano”, previu.

O deputado Paulinho Pereira, presidente da Força Sindical, avisou que o Movimento é a unidade da produção e do patrão contra a especulação.

Ele sugeriu que o Movimento faça atos sempre às vésperas da reunião do Copom como forma de pressionar pela queda dos juros.

“Vamos fazer o movimento crescer para enfrentar essa turma. Se o Brasil está assim é por causa dos altos juros”, comentou.

Já o professor Yoshiaki Nakano, diretor da escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, defendeu uma ruptura com o atual modelo que privilegia o sistema financeiro. “É este tipo de aliança entre produção, trabalhadores e academia é que vai trazer mudanças”, avaliou.

“O que se paga de juros é equivalente à massa salarial do país”
Paulo Skaf, presidente da Fiesp

“Não é um movimento contrário, é a favor do Brasil desenvolvido”
Antônio Correa Lacerda, diretor do Departamento de Economia da PUC São Paulo.

“Éramos o quinto maior fabricante de máquinas e hoje somos o 14º”
Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos

“Juro alto vai na contramão do desenvolvimento”
Adi dos Santos Lima, presidente da CUT São Paulo

“Nas últimas décadas o Brasil teve um vôo de galinha”
Márcio Pochmann, presidente do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas)

Da Redação