Solidariedade entre as categorias para construir a vitória

Foto: Adonis Guerra

Os metalúrgicos do ABC se uniram aos trabalhadores de, pelo menos, 20 categorias cutistas na manhã de ontem em ato unificado pelas cam­panhas salariais, em defesa do salário, do emprego e da Petrobras em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp, na Avenida Paulista.

A mobilização reuniu tra­balhadores com data-base no segundo semestre, e os que ainda não concluíram as negociações com a bancada patronal nos primeiros seis meses do ano.

“Os metalúrgicos do ABC contribuíram de forma ex­pressiva com mais de quatro mil companheiros no ato para que o recado aos patrões chegue de forma certeira. Não permitiremos qualquer redu­ção ou retrocesso dos direitos dos trabalhadores”, enfatizou o presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM-CUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão.

Segundo o presidente da FEM-CUT, é preciso ter diálogo para garantir nego­ciações e lutar para manter a democracia, “pois sem ela não seria possível se organi­zar, reivindicar, muito menos fazer manifestações nas ruas”.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, disse que o ato marcou mais um dia de luta em prol dos trabalhado­res do Brasil. “Nós, do ABC, estamos presentes diante de um momento difícil e impor­tante na Ford para garantir a reversão das mais de 200 demissões anunciadas na semana passada pela mon­tadora. Certamente com o apoio da CUT e solidariedade dos demais sindicatos cons­truiremos mais uma vitória”, destacou o presidente.

“Fazer uma atividade desse porte marca o posicionamen­to de que não vamos permitir o retrocesso que os patrões querem nos impor nas nego­ciações, nas convenções cole­tivas e na reposição do nosso salário”, declarou Rafael.

O presidente do Sindicato lembrou ainda que a Fiesp está demitindo professores do Senai, alegando crise. “Isso tudo ao mesmo tem­po em que o Sistema S tem R$ 18 bilhões aplicados no sistema financeiro nacional. Dinheiro para formar traba­lhador que está especulado. Isso é inaceitável. Em tempo de crise, não investem, mas aplicam. Investem lá fora e sonegam, de maneira des­lavada”, denunciou Rafael. “É necessário repatriar esses recursos, assim como taxar os ganhos de capital para cobrir a Previdência Social e preservar os direitos dos aposentados”, completou.

Durante discurso, o presi­dente do Sindicato dos Meta­lúrgicos do ABC contou que a CUT e as categorias presentes no ato solicitaram uma audi­ência com a presidenta Dilma para cobrar ações emergen­ciais que dialogam com a retomada do crescimento e nenhum direito a menos.

As categorias: 

“O ato unificado só mostra a garra e vontade dos trabalhadores em fazer bons acordos às categorias com campanha salarial no segundo semestre. A gente sabe o quanto os salários são importantes para ajudar a impulsionar o consumo, a produção e evitar as demissões em vários segmentos da economia brasileira”. Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT

“A tentativa de golpe contra a presidenta da República não é motivada pelo combate à corrupção ou outras razões. Os setores que não respeitam o resultado das urnas querem na verdade aprofundar um clima que facilite a retirada de direitos”. Paulo Cayres, o Paulão, presidente da Confede­ração Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT

“Cada categoria tem sua própria pauta de reivindicação. O que as unifica é a defesa da democracia e a busca por saídas eco­nômicas que não prejudiquem ainda mais os trabalhadores e que revertam as perspectivas de fechamento de postos de trabalho. Um dos principais objetivos da Campanha Salarial Unificada é justamente fortalecer a defesa dos empregos”. Douglas Izzo, presidente da CUT São Paulo

“Os petroleiros estão no olho do furacão. O monopólio estatal é fundamental para garantir a política de conteúdo local, a preservação do modelo de exploração do Pré-Sal que só o Brasil domina e a sustentabilidade do Fundo Social mantido com lucros da exploração”. Cibele Vieira, coordenadora geral do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, o Sindpetro-SP

“O recado foi dado, o mais importante é que os trabalhadores estão olhando além da campanha salarial. Os químicos estão solidários à luta dos metalúrgicos do ABC contra as demissões na Ford”. Osvaldo Bezerra, o Pipoka, coordenador geral do Sindicato dos Químicos de São Paulo

“Nós estamos na luta com o setor que mais ganha neste País, que são os banqueiros, e que de­veria ter a obrigação de ajudar a economia do Brasil a crescer, se desenvolver e gerar emprego. É um setor que não cumpre seu papel social. Esta é uma atividade impor­tante para mostrar que estamos juntos na luta para garantir os empregos e aumento real”. Juvandia Moreira Leite, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Da Redação.