Solidariedade na luta por emprego e salário
Cestas básicas doadas pelos companheiros na Scania chegaram ontem ao pessoal na Lawes
Os trabalhadores na Lawes, em São Bernardo, receberam ontem cestas básicas doadas pelos companheiros na Scania.
A solidariedade da categoria tem sido fundamental na luta que esse pessoal trava há meses para manter a empresa de pé e sobreviver dela.
A tarefa não está sendo fácil. Desde que o dono sumiu em razão das dívidas com clientes e fornecedores, os companheiros assumiram o comando da Lawes com a proposta de levantar a fábrica.
Sufoco
No final de cada mês, depois do pagamento das dívidas, eles dividem o dinheiro que sobra.
Em dezembro, cada um embolsou R$ 300,00 e neste mês o valor vai ficar nesse patamar também.
Nessa situação, ganhar uma cesta básica faz a diferença. Mas, é uma situação de sufoco.
A maioria dos trabalhadores está com dívidas e contas atrasadas. Outros estão no vermelho.
Esperança
A Lawes é conhecida nacionalmente pela qualidade na fabricação de equipamentos para a indústria farmacêutica.
Lá são produzidas máquinas como granuladores, misturadores, compressoras, revestidoras, punções e estufas utilizadas pelos laboratórios.
Aos poucos, os companheiros estão recuperando o mercado que garantia emprego para mais de cem trabalhadores.
Hoje, continuam lá 22 metalúrgicos lutadores e esperançosos em relação ao futuro, certos de que poderão contar com o apoio e a solidariedade da categoria.
Dar a volta por cima
“O apoio da categoria está sendo fundamental. Essa mobilização nos ajuda e dá fôlego para a gente. Aqui na Lawes estamos unidos para levantarmos a empresa e conseguirmos sobreviver trabalhando aqui. Sou registrado como fresador ferramenteiro, mas faço de tudo, seja na bancada ou ajudando o departamento financeiro. É só com esse tipo de disposição que conseguiremos dar a volta por cima. Acredito que chegaremos lá”.
Marcos José Lopes
Trabalhador administra melhor
“Sou otimista, pois acredito na capacidade dos trabalhadores administrarem a empresa. Os outros administradores só olhavam o lado deles e não investiram na fábrica e nem nos funcionários. Agora, com a ajuda do Sindicato e da categoria, acredito que será mais fácil dar certo. Trabalho na parte elétrica, mas aqui temos de dar conta do que precisar”.
Ricardo Ricci, o Ricardinho
Nós vamos superar essa situação
“Eu gosto da empresa e acredito nos seus produtos, que são reconhecidos no mercado. Minha expectativa é boa e sou otimista de que será possível sobrevivermos trabalhando aqui. Tenho algumas contas atrasadas mas é um período que vamos superar. Com a gente administrando a Lawes, a tendência é sairmos dessa situação. Antes, só havia administradores desonestos. Sou retificador, mas se precisar trabalho no torno ou na montagem”.
Domingos Anjos Lagoa