“Somos militantes da transformação social”
Atividade da Comissão de Metalúrgicos e Metalúrgicas com Deficiência do ABC reuniu trabalhadores e instituições na discussão e organização de políticas públicas
Deficiente visual, o trabalhador na Magnet, em São Bernardo, Ariosto Anselmo, o Bolinha, trabalha há 30 anos na montagem. Todos os dias pega dez conduções, entre ida e volta de Guarulhos, onde mora, até o trabalho. No sábado, dia 27, participou do evento no Sindicato sobre avanços e desafios nas políticas públicas para pessoas com deficiências.
A atividade, promovida pela Comissão de Metalúrgicos e Metalúrgicas do ABC com Deficiência, faz parte das celebrações dos 22 anos do coletivo e trouxe a participação da categoria e instituições na defesa e garantia dos direitos aos trabalhadores PCD (Pessoas com Deficiência).
“No começo era muito difícil, mas graças ao apoio da Comissão junto a fábrica e meus colegas de trabalho fui me adaptando para desenvolver o melhor trabalho possível. Fico grato pelo apoio e luta cada vez maior do Sindicato à inclusão de PCDs na categoria. Que se abram mais oportunidades a todos”.
O coordenador da Comissão e vice-presidente da Abea (Associação Brasileira de Emprego Apoiado), Sebastião Ismael de Sousa, o Cabelo, agradeceu a participação de todos e afirmou que é nossa obrigação se apropriar de um tema tão importante. “O papel do movimento sindical é fundamental para avançarmos nesta jornada”.
Justiça
A procuradora do Trabalho Sofia Vilela destacou o que precisa ser feito para apoiar os trabalhadores PCDs. “É necessário ter uma sociedade participativa, principalmente quem está nas empresas, para tentar questionar e ser ouvido”.
Em um exemplo, a procuradora citou que recebeu denúncia de que trabalhadores PCDs não tinham acessibilidade aos banheiros. “Notifiquei a empresa, ela me apresentou um projeto e arrumou o problema na fábrica. Ou seja, alguém denunciou. A gente precisa disso”.
Luta
O depoimento da CSE na Scania, Tereza Aparecida Oliveira, emocionou o público. A companheira é mãe de uma jovem com deficiência de 22 anos e ainda cuida dos pais. “Brigo pelos direitos da minha filha. É preciso viver o autismo, viver a PCD. Tem muitos olhares e julgamentos, mas a minha filha cabe em todo o lugar. Quando vocês encontrarem uma mãe, pai ou responsável cuidando de pessoas com deficiência, perguntem se precisam de ajuda”.
O ex-coordenador da Comissão, Flávio Henrique de Souza, contou que o coletivo ajudou a construir uma articulação nacional quando esteve presidente no Conade (Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência).
“Só foi possível fazer isso de forma coletiva, com o apoio do conjunto da classe trabalhadora. Somos militantes da transformação social”. Flávio apresentou seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) da especialização em Direitos Humanos e Lutas Sociais pela Unifesp sobre a história da luta da Comissão.
O secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira, lembrou que essa luta é uma realidade dos Metalúrgicos do ABC. “Só conseguimos garantir os direitos relacionados à diversidade porque tem uma representação forte no chão de fábrica cobrando as empresas. É preciso cada vez mais empenho para fazer com que os trabalhadores sejam assistidos e a nossa luta é continuarmos firmes para defender direitos aos trabalhadores e trabalhadoras PCDs”.