Spread cai após aumentar a confiança dos bancos na economia brasileira
Apesar da queda, o nível ainda está acima do verificado em outubro e em novembro, quando a crise atingiu duramente o mercado de crédito brasileiro
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, afirmou nesta quinta-feira que a queda no spread médio cobrado nas operações de crédito para pessoa física ocorreu como reversão de um movimento “defensivo” das instituições realizado durante o início da fase aguda da crise. Segundo ele, as instituições, temendo uma explosão da inadimplência, elevaram suas taxas de juros nos primeiros meses da crise. Como esse cenário não se confirmou, os bancos em janeiro e também em fevereiro estão devolvendo parte desse movimento.
Em janeiro, o spread para pessoa física ficou em 43,6 pontos porcentuais, ante 45,2 pontos em dezembro. Apesar da queda, o nível ainda está acima do verificado em outubro (39,7 pontos) e novembro (43,2 pontos), quando a crise atingiu duramente o mercado de crédito brasileiro. Spread é a diferença entre o juro do crédito e o custo de captação dos recursos pelos bancos.
“Os bancos reduziram o spread porque fizeram um movimento defensivo antes, elevando substancialmente a taxa. Eles elevaram a taxa numa perspectiva de aumento mais forte da inadimplência, o que não se deu. O padrão de inadimplência hoje é mais alto, mas está dentro da normalidade. A partir dessa observação, instituições fizeram análise de risco e começaram a reduzir as taxas”, disse Altamir, para quem o movimento deve ser considerado “representativo”. Ele destacou que a queda do spread foi acompanhada pelo total repasse do menor custo de captação dos bancos em janeiro.
Altamir explicou que o aumento dos atrasos de pagamentos superiores a 90 dias em janeiro é “sazonal”, pois as famílias têm no mês um maior comprometimento da renda com pagamento de impostos e despesas escolares de filhos. “A inadimplência não explodiu”, afirmou ele.
O chefe do Departamento Econômico do BC explicou que o movimento de elevação dos atrasos de pagamento foi determinado pelo envelhecimento da carteira de financiamento de veículos. Isso porque, segundo ele, há uma migração desse tipo de financiamento para o leasing, cujos números não são apurados nas contas do Banco Central. Ou seja, o crescimento da carteira de veículos pelo crédito direto ao consumidor (CDC) é muito pequeno. Empréstimos novos tendem a reduzir a média de inadimplência. Como esse movimento é fraco no CDC, a média tende a subir. A isso soma-se o fato de que empréstimos mais velhos têm risco maior de não pagamento.
Da Agencia Estado