Suecos querem investir mais no Brasil
Estado é o 2º maior território de indústrias suecas no mundo; produção com alto valor agregado favorece investimento
O Brasil e São Paulo se tornaram um dos principais destinos de investimentos de empresas suecas nos últimos oito anos. Atualmente, o mercado brasileiro conta com 200 empresas do país europeu, das quais, 80% instaladas no Estado, o que inclui a Scania Latin America, em São Bernardo. No entanto, a expectativa é que o número dobre nos próximos anos.
Atualmente, as empresas suecas faturam cerca de US$ 15 bilhões ao ano e empregam 60 mil pessoas no Brasil, conforme dados da Export Radet, agência de intercâmbio de negócios da Suécia. De acordo com Per Person, representante da Export Radet, o volume é 15 vezes o total exportado por empresas brasileiras ao país europeu.
De acordo com Per Person, São Paulo se tornou o segundo maior pólo de empresas suecas, depois de Gotemburgo, na Suécia. No ano passado, as exportações do país europeu para o Brasil, estimadas em R$ 2 bilhões, aumentaram 77% em relação a 2009. Já as importações, cresceram 40% no mesmo período, para R$ 1 bilhão. “Nos últimos três anos houve maior interesse de empresas européias pelo Brasil”, afirma Person.
Entre as principais empresas com controle sueco no Brasil, além das montadoras de caminhões e ônibus, Scania, no ABCD, e Volvo, em Curitiba, Person cita a Ericsson, do setor de telefonia, a Axis Comunicattions, fabricante de câmera de segurança e Elekta, que atua na área de tecnologia em saúde. Em geral são empresas globais e que estão presentes em outros países como Argentina, Chile e Colômbia, e ainda reexportam para a Europa.
Per Person destaca que os produtos trazidos ao País pelas empresas do país europeu são do segmento premium, de maior valor agregado. Isso faz com que os negócios no Brasil não sejam afetados pela concorrência chinesa.
Um exemplo de empresa sueca que fabrica produtos com alto valor agregado, a Sandvik do Brasil, presente no País há mais de 60 anos, atua no setor de ferramentas para a indústria automotiva, de aviação e engenharia. Presente em 130 países, as empresas atuam como fornecedores globais da cadeia mundial de suprimentos do grupo.
“Essa condição já nos coloca na escala de produção de itens de valor agregado”, aponta do diretor presidente Luiz Manetti. A transferência de tecnologia é indicada como um fator natural, que obriga o treinamento constante de trabalhadores na matriz, na Suécia.
Atualmente, a Sandvik do Brasil tem um volume de vendas por ano de R$ 1 bilhão. De acordo com Manetti até 2003, a companhia comercializava R$ 250 milhões ao ano. “A companhia percebeu as oportunidades para investir no Brasil e as oportunidades nas áreas de mineração, automotiva e aeronáutica”, afirma. A empresa investe 4% do faturamento mundial em pesquisa e desenvolvimento.
Possibilidade
O cenário favorável aos investimentos da Suécia no Brasil explica, em parte, o interesse da empresa sueca Saab em disputar a concorrência para fornecer as aeronaves que renovarão a frota da FAB (Força Aérea Brasileira). “Há muito mais prospecção de empresas suecas em relação a outras estrangeiras interessadas em investir no Brasil”, acrescenta Person.
O executivo acredita que ainda há outros mercados a serem explorados no País por marcas suecas. Person cita como exemplo, a H&M, no segmento de vestuário e a Ikea, na área de móveis. “São empresas que estão presentes em países da Europa, Ásia e Estados Unidos e agora já mostraram interesse em investir no mercado brasileiro”, revela.
Concorrência chinesa – Para os fabricantes de autopeças nacionais o cenário é diferente daquele experimentado pelas subsidiárias suecas instaladas no País. A concorrência com a importação de produtos chineses gera muitos problemas.
“Com um posicionamento de preços reduzido, custos baixos de mão-de-obra e beneficiados por uma política governamental de incentivo à inserção de suas marcas no mercado mundial, os produtos da China são uma ameaça para alguns setores”, afirma o presidente da Incodiesel, Simon Abuhab, autopeças de Diadema. “O produto deles chega mais barato ao mercado nacional”.
O empresário afirma que, apesar de enfrentar o desafio e investir em tecnologia e qualidade, a situação não é boa. “A indústria brasileira é competitiva quando os produtos chineses têm um nível de qualidade similar aos nossos”, acrescenta. No entanto, de acordo com Abuhab, grande parte dos importados não se encaixa nesta definição.
Há 49 anos no mercado, Abuhab disse que a empresa teve que se adequar à situação atual. No entanto, a fornecedora de autopeças que chegou a ter quase 200 trabalhadores, hoje emprega 75 pessoas.
Do ABCD Maior