Suicídio: Médico pede atenção a pessoas com transtornos mentais

A taxa de suicídio no Brasil é baixa se comparada com a de países mais desenvolvidos. São 4,4 suicídios a cada 100 mil habitantes por ano. Em países como Japão, Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Suécia e Finlândia, são 10 mortes para cada 100 mil habitantes.

Porém, entre pessoas que apresentam transtornos mentais graves (TMG), o índice brasileiro é semelhante ao de países desenvolvidos. Isso indica que, para essas pessoas, os diferentes fatores sociais, econômicos e culturais que diferem um país do outro não são decisivos para os atentados contra a própria vida.

A conclusão é de estudo do médico Flávio Soares, apresentado à Faculdade de Medicina da USP e publicado na agência de notícias da Universidade. Ele entrevistou 192 pessoas com transtornos mentais, principalmente esquizofrênicos. O objetivo do trabalho foi prever a ocorrência não só de tentativas, mas também de pensamentos suicidas.

Entre os entrevistados, 57,7% afirmaram que já pensaram em se matar, enquanto 31% tentaram algum tipo de atentado contra a própria vida. Dados semelhantes já haviam sido encontrados em estudos norte-americanos e europeus.

Pensamento e tentativa

A pesquisa buscou relacionar o pensamento suicida e a tentativa de suicídio. “Estes pensamentos têm de ser valorizados e questionados, para se tentar diminuir as taxas elevadas desta população”, aponta o médico.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2000 ocorreram 815 mil mortes por suicídio, enquanto as mortes por homicídio foram 520 mil. “Este estudo poderá trazer um melhor planejamento da saúde mental no país, além de uma formação mais adequada para os profissionais envolvidos”, projeta Soares.