Suíços rejeitam o salário mínimo mais alto do mundo
Resultados oficiais mostram que 76,3% dos suíços rejeitaram a proposta
Os eleitores suíços rejeitaram, liminarmente, a introdução de um salário mínimo no país que, a ter sido aprovado, seria o mais alto em todo o mundo.
Segundo os resultados finais , pouco mais de 23% dos eleitores que neste domingo foram às urnas votaram a favor da iniciativa – uma percentagem bastante inferior ao que apontavam as sondagens. “Este é um voto da razão”, reagiu Christophe Darbellay, líder do Partido Democrata-Cristão, ouvido pelo jornal Le Temps, indicando que esta era “uma proposta nefasta sobretudo para quem queria proteger”.
A proposta da União Sindical Suíça (USS) previa que ninguém na Suíça pudesse ganhar menos do que 22 francos (18 euros) por hora, o que para um trabalhador a tempo inteiro (42 horas semanais) equivaleria a uma remuneração mensal de 4000 francos (3270 euros).
Um valor que é muito acima do que é pago em qualquer outro país do mundo – no Luxemburgo, que detém o salário mínimo mais alto da UE, a remuneração é de 1921 euros –, mas que a USS assegurava ser o mínimo para que um trabalhador possa “viver com dignidade” face ao elevado custo de vida no país, sobretudo nas grandes cidades. Os sindicatos sublinhavam ainda que a medida teria um impacto reduzido, já que apenas 9% dos trabalhadores recebem abaixo dessa fasquia.
Os eleitores foram, no entanto, mais sensíveis aos argumentos do Governo e das confederações patronais, para quem a imposição desta medida levaria ao aumento do desemprego (que na Suíça é apenas de 3,2% da população activa) e à perda de competitividade da economia suíça. Alguns sectores, em particular a agricultura, avisaram mesmo que não tinham condições para pagar salários tão altos, pelo que se a medida fosse aprovada, corriam risco de extinção.
O Partido Socialista, que apoiou a iniciativa dos sindicatos, reconheceu que o voto demonstra que os suíços continuam a preferir que os salários sejam determinados pelas convenções colectivas de trabalho. Mas a deputada Ada Marra dizia ao Le Temps que a discussão teve o mérito de forçar os grandes retalhistas “como o Aldi, o Lidl ou a H&M a adaptar os salários” que pagam aos seus trabalhadores.
Do Portal Público