Tarifaço de Trump pode ajudar setor automotivo brasileiro, diz especialista
Taxa aplicada em países asiáticos deve abrir mercado para o Brasil, avalia o especialista em comércio exterior Jackson Campos
Anunciado no início de abril, o tarifaço de Donald Trump deve impactar o mundo todo trazendo consequências mais pesadas para setores que dependem de comércio bilateral e o automotivo entra neste segmento. Para o Brasil, entretanto, o ganho de apenas 10% nas taxas deve ser uma vantagem frente aos países asiáticos.
Segundo o Sindipeças, os Estados Unidos foram o segundo maior destino das peças brasileiras, com US$ 1,4 bilhão embarcados (17,5% das exportações de autopeças) e, a médio prazo, estas tarifas devem deixar o produto brasileiro mais competitivo no mercado americano, já que países, como a China, receberam taxas ainda maiores. Para o especialista em comércio exterior Jackson Campos, esta é uma oportunidade para explorar o mercado americano e ganhar ainda mais espaço.
“Por mais que encareça nossas peças, o valor que será acrescido ainda é muito inferior ao que vai acontecer com os produtos fabricados na União Europeia e China, por exemplo. Temos que aproveitar essa diferença no custo e abrir ainda mais o nosso mercado, porque qualidade temos de sobra e podemos conquistar uma fatia dos EUA muito expressiva para nossa indústria”, analisa Campos.
Por outro lado, a médio prazo essa perda de competitividade pode levar à redução nas exportações, afetando negativamente as receitas, aumentando a ociosidade produtiva e, possivelmente, impactando o nível de emprego no setor automotivo brasileiro. As indústrias e a cadeia produtiva deverão se adaptar rapidamente, buscando novos mercados internacionais, reposicionando produtos ou renegociando preços com parceiros comerciais nos EUA.
Do Terra