Taxa de desemprego entre jovens diminui 12% no Brasil
Com menor participação na População Economicamente Ativa (PEA) e também na População em Idade Ativa (PIA), a desocupação no grupo de jovens caiu de 14% na média de janeiro a setembro de 2011 para 12,8% no mesmo período deste ano. Na mesma comparação, o desemprego entre os adultos passou de 5% para 4,7%.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), com base na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE e, para economistas, refletem a maior absorção de jovens em novas vagas para fazer frente ao gargalo de mão de obra, dado o estoque cada vez menor de desempregados com alguma experiência. Outro fator estrutural apontado para explicar esse fenômeno, embora menos relevante neste ano, é a saída de pessoas mais novas do mercado de trabalho para se dedicar somente aos estudos. Há, por fim, a questão demográfica, já que a população tem crescido a um ritmo mais fraco.
“As empresas precisam crescer, falta mão de obra e elas já tentam garantir uma força de trabalho futura”, diz Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e autor dos cálculos. Da queda de 0,5 ponto percentual da taxa de desemprego observada entre janeiro a setembro de 2011 e o mesmo período de 2012, Moura estima que 0,17 ponto percentual é referente à ocupação de postos novos por jovens, mesma participação dos adultos.
O restante 0,16 ponto percentual, segundo o economista, compete ao preenchimento de vagas por adolescentes e idosos, assim como ao fator demográfico – ou seja, a menor velocidade de expansão da população em idade ativa, que reduz o ritmo de crescimento da força de trabalho e, consequentemente, atenua aumentos na taxa de desocupação. Mas, em sua opinião, esse é um fator secundário por trás do desemprego historicamente baixo, ao menos em 2012. “A maior parcela da queda da taxa de desemprego vem da geração de postos de trabalho.”
Entre 2010 e 2011 – período em que a taxa de desemprego média diminuiu de 6,7% para 6% -, Moura calcula que a desocupação entre jovens caiu de 15% para 13,4%, enquanto os adultos desempregados como proporção da PEA passaram de 5,5% para 4,8%. Mesmo com o recuo mais acentuado no desemprego entre jovens, esse grupo contribuiu com 0,21 ponto percentual da queda do desemprego no ano passado, diante de 0,35 ponto dos adultos, ou 51%, de acordo com o pesquisador do Ibre – isso porque o peso da população adulta na força de trabalho é muito maior: eles representavam 61,2% da PEA em setembro de 2012, diante de apenas 14,9% de jovens.
Para Elton Casagrande, professor do departamento de economia da Unesp Araraquara e membro da Associação Keynesiana Brasileira, a maior fatia de jovens preenchendo ocupações criadas neste ano está associada à iniciativa de empresas para modernizar sua força produtiva, já que pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos geralmente estão cursando faculdade. Além disso, ele também atribui o fenômeno à melhora estrutural do mercado de trabalho, principalmente nas regiões metropolitanas. “O aumento do nível de atividade combina com aumento de emprego para os jovens”, diz.
Segundo Casagrande, os mais jovens estão entrando no quadro de funcionários das empresas, embora em menor medida, também para substituir profissionais mais velhos que estão deixando a força de trabalho – em setembro, pessoas de 50 anos ou mais representavam 21,8% da população ocupada e à procura de trabalho. Entre 2003 e 2011, no entanto, a participação de jovens na PEA caiu de 19,3% para 15,2%, enquanto a dos adultos ficou praticamente estável e a de trabalhadores com 50 anos ou mais aumentou quase seis pontos percentuais.
Ana Luiza Barbosa, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), avalia que a menor fatia de jovens na PEA reflete, além do envelhecimento da população, a saída desse grupo do mercado de trabalho para estudar, fenômeno que, em sua opinião, explica mais a queda mais robusta da taxa de desemprego nessa faixa etária. Ela observa que, na média de janeiro a setembro de 2012 frente a igual período de 2011, tanto a taxa de participação como a de ocupação aumentaram cerca de 1,5 ponto percentual para os adultos, o que significa que os desempregados nesse grupo se tornaram ocupados, e não saíram do mercado de trabalho.
Mesmo com a desaceleração da atividade econômica no primeiro semestre, Moura, do Ibre-FGV, diz que a expectativa de retomada na segunda metade do ano e a rigidez do mercado de trabalho brasileiro, além da dificuldade em obter mão de obra qualificada, fizeram com que as empresas optassem por manter seu quadro de funcionários mais experientes. Com menos adultos disponíveis para preencher vagas novas, a saída, segundo o economista, foi contratar mais jovens.
Do Valor Econômico via CNM-CUT