Televisão pública: Uma tevê para se ver

No próximo dia 2 de
dezembro, quando entrar no
ar o sinal da tevê digital, o
governo federal vai inaugurar
também um sistema público
nacional de televisão. O
projeto deverá custar R$ 300
milhões e pretende reunir as
televisões não comerciais,
como as educativas, que chegam
a 2.880 municípios no
País. Isto é, vai atingir cerca
de 80% da população brasileira.

Tevê pública é aquela
que não está amarrada ao
governo nem ao mercado.
Ou seja, não é uma mera
repetidora de informações
oficias nem uma emissora
como a Globo, o SBT, a
Record e outras. O processo
está sendo tocado pelo ministro-chefe da Secretaria de
Comunicação (Secom), Franklin
Martins, em dobradinha
com o ministro da Cultura,
Gilberto Gil.

A união dos dois botou
para escanteio o ministro das
Comunicações, Hélio Costa,
que defendia uma rede estatal
e teve seu projeto bombardeado
por todos os setores,
inclusive o presidente da República.
“TV chapa-branca
ninguém assiste”, disse Lula.

Uma idéia diferente

Martins prometeu apresentar
um projeto piloto
para a tevê pública em
dez dias. A rede deverá ser
encabeçada pelo Sistema
Radiobrás e pela TV Educativa,
ambos federais, e
tem transmissão garantida
para Brasília, Rio de Janeiro
e São Paulo. Mas a idéia
é atrair outras emissoras.

Em troca de recursos
para a renovação de equipamentos
e migração para
o sistema digital – que podem
ser financiados pelo
BNDES – , as tevês se comprometeriam
a criar uma
gestão técnica (isto é, não política) e aderir à grade oficial,
dividindo programas e
horários.

Para especialistas, a
tevê pública que está em
vias de ser feita deve educar
o cidadão a se reconhecer
como tal, a não acreditar
em tudo que ouve e vê,
a protestar e a reivindicar
seus direitos. Deve educálo
a aceitar o novo e a perceber
que, mesmo na televisão,
há muita coisa além
do que se vê.

Deve educá-lo, enfim,
na direção oposta a que a
televisão brasileira vem fazendo
até agora.