Tempo de vida e tempo histórico
É comum nas atividades de formação a dificuldade dos participantes em identificar a relação existente entre seu tempo de vida e o tempo histórico. Usando a linha do tempo como referência, os cursistas geralmente a organizam em períodos, como uma seqüência de décadas.
Em seguida, preenchem os espaços com fatos marcantes de sua trajetória pessoal de vida: a data de nascimento, a entrada na escola, a mudança da família para outra cidade ou região, o ingresso no mercado de trabalho, o casamento, a filiação ao Sindicato, o nascimento dos filhos, a morte de um parente próximo.
Entre um fato e outro dessa trajetória pessoal e familiar, geralmente destacam uma luta importante do Sindicato ou um fato político significativo da história do País, como a campanha das eleições diretas, a mobilização pelo impeachment de Collor, as eleições presidenciais.
Na leitura desse grande painel da linha do tempo traçada pelos cursistas, busca-se o significado dos fatos ali identificados. Trata-se de um exercício de “resignificação”.
Ou seja, os fatos, na realidade, expressam momentos e experiências importantes de vida, carregadas de aprendizado pessoal e coletivo. São expriências que foram o jeito de cada um ser e de se situar no mundo.
A relação mais significativa desse exercício de recontar e reconstruir a história individual é descobrir que o tempo de vida pessoal é determinado por processos e transformações mais complexas, que alteram os rumos da vida em sociedade.
O encontro de tempo cronológico e tempo histórico se faz com a mediação de outros elementos de análise: o sindicato, a classe trabalhadora, os partidos, a luta de classes, as forças políticas em movimento, os projetos políticos em disputa. É o trabalhador se vendo como sujeito da própria história.
Departamento de Formação