Terceirização avança no mundo para retirar mais direitos
A subcontratação de
trabalhadores por empresas
com sede em outros países, a
chamada terceirização transnacional,
impõe o padrão
de emprego asiático, marcado
pela alta rotatividade,
baixa remuneração, falta de
direitos e longa jornada de
trabalho.
A análise é do economista
Marcio Pochmann,
presidente do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), que acaba de apresentar
a pesquisa A Transnacionalização da Terceirização na Contratação do Trabalho.
Com base em dados
do Banco Mundial, Organização
das Nações Unidas
(ONU) e Organização
Internacional do Trabalho
(OIT), Pochmann avalia que
as atuais companhias multinacionais
de mão-de-obra
foram responsáveis pela
colocação de 9,3 milhões
de pessoas no mercado de
trabalho, em 2006, em 33
países pesquisados.
Produto sem trabalho – O fenômeno da terceirização
transnacional tende
a aumentar, principalmente
no setor de prestação de
serviços, segundo o estudo.
Ele cita organizações como
a Nike, fabricante de artigos
esportivos. Dos 600 mil trabalhadores
na empresa em
51 países, apenas 24 mil são
diretamente contratados –
quase 95% de terceirização.
A estimativa, segundo o
estudo de Pochmann, é que
6,7 milhões de novas ocupações
anuais sejam criadas pela
terceirização transnacional
nos próximos dez anos.
“Esse tipo de terceirização
não significa a modernização
da produção no
início do século 21. Pelo
contrário, pode trazer de
volta as condições de trabalho
do século 19, com o
retrocesso das conquistas
alcançadas pelos trabalhadores
até o momento”,
aponta o especialista.
Ação internacional é uma saída
Segundo o economista, é necessário
fortalecer a proteção trabalhista não apenas
dentro de cada país, mas em nível internacional.
Pochmann sugere ainda uma mudança
na forma de atuação dos sindicatos.
“O sindicalismo age como se as economias
mantivessem a atuação quase exclusiva
no espaço nacional e termina por
fragilizar ainda mais a função da negociação
coletiva junto aos patrões”, avalia
Pochmann.