Terceirização geral é aprovada em mais um golpe contra a classe trabalhadora

(Foto: Adonis Guerra)

No mesmo dia em que milhares de pessoas se manifestavam em todo o País contra as medidas do governo, o presidente ilegí­timo Michel Temer sancionou o projeto de 1998 que libera a terceirização geral.

“Na calada da noite, sem ouvir a voz das ruas, no dia em que há 53 anos foi dado o golpe militar, os trabalhadores do Brasil sofrem mais um duro golpe desse governo que não tem nenhum compromisso com a classe trabalhadora”, afirmou o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.

“A terceirização ilimitada significa um retrocesso nos direitos dos trabalhadores. É a precarização do trabalho e o fim da CLT”, explicou.

Os trabalhadores em empresas terceirizadas ganham cerca de 25% menos, trabalham quatro horas a mais, ficam três anos a menos no emprego, estão mais sujeitos a situações de escravi­dão e a acidentes fatais quando comparados a contratados diretos.

“A ideia da lei é simplesmen­te reduzir direitos dos trabalha­dores. Cada companheiro passa a ser visto pela empresa apenas como um centro de custo, uma coisa, uma mercadoria que pode ser rapidamente substituí­da”, alertou. “Os patrões querem aumentar o lucro com mais ex­ploração da classe trabalhadora. A medida não gera empregos, ela precariza tudo”, ressaltou.

A lei sancionada permite a pejotização e as subcontrata­ções, inclusive com a quartei­rização já prevista, e amplia o prazo permitido para contratos temporários de 180 dias para até 270 dias.

Também prevê a responsa­bilidade subsidiária, ou seja, em caso de ação judicial, o trabalhador pode ingressar pri­meiro apenas contra a empresa terceirizada. Se a empresa não suportar os pagamentos, pode­rá então acionar a empresa con­tratante. O texto anterior previa a responsabilidade solidária, quando a empresa terceirizada e a contratante podem ser acio­nadas, o que daria mais agilida­de ao processo do trabalhador.

No sábado, dia 8, será rea­lizada a mobilização no ABC contra as reformas da Previ­dência e Trabalhista e a tercei­rização. Leia mais na página 2.

“Os metalúrgicos do ABC não vão aceitar a implemen­tação dessa medida. Vamos resistir e defender os direitos conquistados historicamente”, disse.

“Estão todos convocados para que o ABC dê o seu recado de insatisfação. Vamos inten­sificar a construção da greve geral convocada para o dia 28”, chamou.

O Projeto de Lei 4302 foi desenterrado de 1998, da ges­tão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e já havia sido votado pelo Sena­do em 2002.

No dia 22 de março, a Câma­ra dos Deputados aprovou por 231 votos a favor, 188 contra e oito abstenções o PL, que seguiu para sanção presidencial.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, desconsiderou a questão de ordem antes da votação para que apreciasse a mensagem de agosto de 2003 do então presidente Luiz Iná­cio Lula da Silva para retirar o projeto de tramitação. O pedido não foi apreciado pela Câmara desde então.

Da Redação